Hoje fui ver o novo filme do Woody Allen e passei o filme a pensar na mesma série de páginas do Pereira Coelho:
"Cada membro do casal procurará a maior realização pessoal e a maior satisfação que puder (...) Cada indivíduo organiza as suas "estratégias de sobrevivência que se orientam cada vez mais intensamente para o amor, para a intimidade, para a vida a dois, que se tornou a nova esperança, a nova religião. Isto quer dizer que cada um exigirá da união - do outro - muito mais do que alguma vez se pretendeu; e isto passa-se num quadro em que cada um está mais sofregamente do que nunca formulando as suas próprias pretensões. (...) o resultado que se vem apurando de tudo isto - da relação entre dois indivíduos que lutam, amando-se, pela realização pessoal, desligados de qualquer quadro de valores e de respostas externas - é o de uma "relação pura" apenas baseada no compromisso permanente e na gratificação renovada, que contém em si o acordo prévio sobre a sua dissolução. Trata-se, afinal, de uma relação entre dois estranhos - dois "estranhos íntimos" - de construir "a menos estável de todas as relações possíveis", e que diariamente tem de julgar e escolher todos os seus passos. "Queremos amar-nos ... mas não sabemos como!"
O filme transportou-me para uma série de outros diálogos com textos, memórias pessoais e até para diversos filmes e provavelmente passarei alguns dias a ruminar um filme que, bem vistas as coisas, não tinha nada de muito complexo, apesar de falar de coisas bem complicadas. Fica a grande constatação que retiro do filme: Metade do mundo vive a sua vida sem encontrar um propósito para a sua existência, a outra metade vive a pensar que o encontrou. Difícil como é encontrar esse verdadeiro propósito, muitos de nós vão vivendo do que os faz chegar ilesos ao amanhecer seguinte. Verdade é que não há problema nenhum nisso, em ir vivendo a vida como ela é, como quem colhe os frutos que a terra dá.
spaceship wizardry
Há 2 dias
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