Numa altura em que o Verão parece não querer ir embora, do outro lado do Atlântico alguns já andam preocupados com o Inverno. Al Wright, director de uma cadeia no New Hampshire recebeu recentemente duas cartas de presos que não querem ser libertados já, receando as baixas temperaturas e o fraco estado da economia, que temem que os mantenha nas ruas.
E se esta estratégia não foi bem sucedida, outras têm provado ser mais eficientes, já que, a julgar pelas palavras do director, muitos presos ao longo dos anos têm procurado prolongar a sua estadia cometendo pequenos delitos na própria prisão.
Algo de muito errado se passa quando as pessoas preferem a prisão ao "mundo lá fora" e acho que não por as prisões serem um lugar simpático...
10 comentários:
pode acontecer, se estiverem "institucionalizadas". O Broosksie representa esse papel na perfeição em "Os Condenados de Shawshank", que eu recomendo ;)
Neste caso não creio que seja apenas isso. Numa sociedade em que não há oportunidades fora da prisão para os ex-reclusos, em que a sociedade não confia no sistema prisional, em que não existe ressocialização, a prisão torna-se um autêntico buraco negro, do qual é impossível escapar.
PS: Excelente filme. Recomendo vivamente.
Se tu fores à prisão de izeda ou bragança, verás um prisão diferente...
Aquilo não é assim tão mau, as conduições são muito boas e têm regimes de porta aberta muito bons.. Eu já disse, se um dia for preso quero ir pa izeda!!!
Sublinho o que disse o Pedro.
Na minha opinião, é o processo de institucionalização a manifestar-se com toda a força. Estão durante anos no mesmo local, com os mesmos sons, as mesmas pessoas, os mesmos habitos e regras. Estao completamente despersonalizados, já não são as pessoas com o nome Joao ou Antonio mas sim os numeros 4244 ou 2938.
As respostas psicofisiologicas ficam totalmente diferentes e não se sabem comportar noutros locais. Por isso, o medo de enfrentarem a realidade (penso que não têm noção da mesma), é imenso.
Tambem recomendo esse filme, é muito bom. E, já agora, para quem gostar de ler sobre esse tema, recomendo Asilos de Goffman 1974).
:D
E a prisão pode ser tudo de mau,pode não ressocializar, mas o seu fracasso é o próprio sucesso da prisão. Afinal, é assim que podemos observar, analisar e produzir conhecimento sobre os mesmos, fazendo nascer a Criminologia. (Assim o diz Foucault)
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Também há a questão dos Mandriões, que nada querem fazer, e como não puderam ir para a faculdade para terem "espírito académico" vão para a prisa, onde recebem todos os benefícios de uma vida "paga" com o único senão, estão confinados a esse mesmo espaço.
Logo se forem mandriões e preguiçosos, como a maioria o é, é o casamento no céu e na terra.
Trabalho comunitário para os presos não violentos, fazer-los trabalhar de modo a compensar os gastos, e talvez a partir daí o sistema prisional possa ser orçamentalmente neutro!
(Excelente filme, recomendo tb)
Até posso estar doente, mas um sistema prisional orçamentalmente neutro não me choca. Bem pelo contrário.
Muito interessante o que diz a Inês, mas ainda assim tenho que sublinhar: não me parece que seja apenas isso neste caso em concreto. Parece-me que este exemplo confirma muitas da falhas da sociedade americana (a começar no clima).
Bem Ary, essa ideia do orçamentalmente neutro é a minha ideia mais socialista que tenho.
Na verdade no meu cerne, acho que qualquer sistema prisional potencialmente pode dá lucro ao Estado.
E há exemplos históricos disso. Sem contar que se assim for, acredito que a taxa de reincidência será muito menor, e mesmo que não diminuía não importa, já que há lucro!
Bom os nazis punham os judeus a trabalhar antes de os matarem...
(mas tenho a impressão que isso não prossegue as finalidades de prevençâo que um sistema prisional necessita
A prevenção existe no momento que os potenciais criminosos sabem o que lhes espera!
[por essas questões, que sempre preferi civil]
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