Mais uma vez se mostra que os extremos se tocam. Numa eleições em que todos ganharam também todos perderam:
O PS ganhou as eleições, mas perdeu "a maioria absoluta".
O PSD ganhou mais deputados e derrotou "a maioria absoluta", mas perdeu a hipótese de formar governo.
O CDS também ganhou mais deputados, voltou a ser a terceira força política e impediu "a maioria absoluta", mas perdeu a chance de voltar para o governo e viu uma vez mais ressurgir uma maioria de esquerda no Parlamento.
O BE duplicou os deputados e impediu "a maioria absoluta" dos PS, mas o destino trocou-lhe as voltas e ficou em quarto, perdendo assim a possibilidade de ter o PS nas palminhas.
A CDU até pode ter ficado em quinto, mas evitou "a maioria absoluta", ganhou um deputado e aumentou a votação.
Parece que a única derrotada é "a maioria absoluta", neste estranho mundo em que perante as televisões todos aparentam ter ganho e nas conversas pessoais todos parecem ter perdido. Necessidades do marketing, implacável para com os perdedores.
Mais franco ainda era o meu avô, adepto da Académica de Coimbra, que dizia quando o arreliavam com os resultados futebolísticos: "A Académica não perdeu, ganhou experiência".
4 comentários:
Engraçado, ainda ontem estava a pensar em como os nossos políticos usam com os adversários o mesmo método que eu uso quando o futebol me desilude - "Que se lixe, o Porto perdeu... mas o Benfica também não ganhou!"
(isto sem querer, obviamente, ofender as preferências de cada um xD)
Somos todos muito pequeninos ...
concordo com a inês.
pior é a forma de pensar dos votantes, que revoltam-se para o facto de o partido da sua preferência mas para o qual não votaram ter perdido, mas ao menos não ganharam os outros mauzões da direita ou da esquerda.
o dito voto útil.
vai ser a primeira vez que presencio um governo minoritário, será uma experiência nova muito bem vinda.
E isto não é futebol?
Vejam lá, os srs. comentadores dos debates na pré-campanha falavam como se de um jogo se tratasse. N avaliaram as ideias mas sim o discurso (o X esteve mais à vontade que o Y, o Z tinha de estar ao ataque mas ficou a defesa, o A tramou o B com a notícia C e o B não conseguiu recuperar disso). Até o expresso, veja-se lá, teve no site o modelo do totobola 1x2 em que 3 comentadores escolhiam quem tinha ganho o debate (um deles muito "imparcial",diga-se, o Daniel Oliveira, que "inesperadamente" escolheu o Louça como vencedor de todos os debates que escolheu)
Depois, campanha, os srs. políticos (pelo menos os do PS e PSD) passaram a campanha a trocar galhardetes, duas peixeiras do bolhão pegaram-se quase à estalada pq uma era do ps e a outra do psd. Dispam as cores rosas e laranja, troquem-nas por outras vermelhas e azuis... Deja vu?
Depois, resultados eleitorais, malta apoiante e/ou filiada no PS a ir comemorar para o largo do rato como se vê quando o FCP ganha o campeonato. Mas eu sei que se o PSD ganhasse, ou mesmo um pequenino, hipotéticamente, o resultado seria o mesmo, mudava era o local...
E finalmente a decisão do árbitro (neste caso o PR), que nunca agrada a ng. PSD queixa-se de ter sido roubado pois PR devia ter falado antes das eleições. PS também se queixa de má avaliação pois PR põe dirigentes rosas na má língua...
E a culpa principal disto tudo é da comunicação social, que dá publicidade a estes "clubismos", que os incentiva, porque vende muito mais a notícia de que o X é trafulha do que a do Y que propõe uma certa ideia para o país. Seria giro fazermos uma contabilização das notícias eleitorais e ver quantas delas focaram assuntos de jeito.
Pode-se dizer: ah e tal mas a verdade é que a comunicação social transmite aquilo que lhe oferecem.
Sim, mas se não desse tanta importância a algumas intriguices como dá, os políticos certamente mudariam de táctica.
Cada vez me convenço mais que é a comunicação social que molda a política à sua imagem e não o contrário.
À parte disto, sim todos ganharam sem efectivamente ganharem alguma coisa de jeito. 8 meses e a AR vai ao ar.
Bora fazer apostas? Já que isto é um jogo e é...
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