sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Catarina Eufémia

Ainda não passou pela cabeça de ninguém a possibilidade de isto ser um golpe da própria Prisa? Já viram o que ele não vão ganhar depois disto? Transformar Manuela Moura Guedes numa vítima da censura, numa vítima da nova pide socialista, da liberdade de expressão, é a melhor coisa que podia ter acontecido a todos, menos aos supostos culpados. Ainda não viram isso?


Como dizia alguém, Sócrates não é estúpido. Na posição em que ele está qualquer coisa que se parecesse com intimidação de seja quem for é contraproducente, por melhores resultados que tenha.

Pidesco era o jornal nacional. Inquisitorial era o estilo de MMG. Campanha negra era a travada pela TVI.

Alguém disse que geralmente as teorias mais simples são as mais verdadeiras. Parece-me bem mais simples uma teoria de auto-vitimação do que uma que envolve estranhas ligações entre a minha obscura do PS e conecções estranhas em Espanha. Mesmo que a coisa se tenha passado de como o Fachana diz, que culpa tem "o Socas", ou o PS, que indica isto sobre o seu "modus operandi"? É que isto são acusações graves!

Acho lindíssimo a direita fazer de Manuela Moura Guedes a sua Catarina Eufémia, morta em combate durante a luta pela liberdade de expressão, qual cavaleira dos fracos e oprimidos.

Aquilo a que assistiamos não era apenas jornalismo de quinta categoria, mas a acusações a figuras públicas, e não apenas do Governo, sistemáticas, que em qualquer país em que a justiça fosse eficiente alguém ia preso no dia seguinte: ou ela, ou quem ela acusara. Ser jornalista não é ter uma "licença para matar" reputações, nomes, vidas, políticas, boas ou más. Não pode continuar a ser para mim sinónimo de cobardia: ao jornalista nem tudo pode ser permitido, muito menos sob a capa da objectividade, imparcialidade e rigor.

Ataque grave à democracia é heroificar os incendiários e zaragateiros, os demagogos profissionais e os lançadores de tartes deste perfeito circo.

Que repouse em paz Manuela Moura Guedes. De facto quando morremos somos todos bestiais.

24 comentários:

Vasco PS disse...

Amén.

Duarte Canotilho disse...

Eu duvido que haja realmente interferência do P.M. ainda que ache que foi um erro da TVI despedir a rapariga.
Penso que foi uma maneira de a prisa se vingar do moniz

João Fachana disse...

A necessidade de conservar o poder a todo o custo, para honrar acordos políticos a longo-prazo já estabelecidos, pode levar a atitudes estúpidas. Disse-me isto hoje uma pessoa e até que lhe dou alguma razão.

Eu não gosto da maneira da TVI e, em especial, da MMG fazer jornalismo. Mas também quem não gosta não vê. Por mais mal feito que seja, o que a administração da Prisa ou da mediacapital, o que seja, fez foi verdadeiramente um atentado à liberdade de informação. A escolha de quem apresenta e nos moldes em que apresenta cabe à direcção de informação.

Espero, sinceramente que, depois desta palhaçada toda, a ERC puna severamente esta atitude. É uma vergonha.

DC disse...

Para falar da Carolina Patrocínio é preciso invadir o Post sobre a Polónia.

A ida do ministro dos negócios estrangeiros à comemoração dos 40 anos do golpe de estado na Líbia, não é abordada.

O site do PS para as legislativas ser sócrates2009.pt não causa estranheza a estas almas tão dadas ao direito e à correcta designação dos órgãos e dos seus candidatos, nem é considerado um acto de "endeusamento" por parte do actual PM (depreendo isto pela total falta de referência ao assunto).

No entanto, um acto de gestão de uma empresa privada dá origem a dois post consecutivos, um apresentar uma versão da história, outro a defender o acusado no primeiro post...
Não poderia este segundo post ter sido inserido como comentário no post inicial?
Precisará o PS assim tanto de uma defesa?É que assim até começa a parecer que são mesmo culpados...

Santa Lopes apresenta Pedro Granger como seu mandatário da juventude na candidatura à CML.

Ari, não dá para alterar as definições e permitir que se postem links nos comentários como os links dos posts?

João Fachana disse...

E Ari, essa tua solução inicial, de ter sido a própria Prisa a única interessada em mandar MMG cas tralhas, pah... LOL Acho que mais sentido do que isso é dizer que foi o PSD que orquestrou tudo para agora poder "malhar" no PS...

Ary disse...

Quando estamos no domínio da especulação e das "educated guesses" uma solução como a minha não me parece fazer menos sentido que a tua.

DC, eu acho que não dá. Se der, alguém que me diga como.

Hugo disse...

Muito sinceramente...assim muito obviamente, se diariamente tens uma jornalista que é acusada no teu telejornal, de ser o pior que a informação portuguesa tem, não a retirariam do ar?

Ela é uma trabalhadora como qualquer outra, sujeita a avaliações de mérito...E por esse nem devia lá ter chegado...

Liberdade de comunicação e de imprensa não se baseia simplesmente na liberdade de dizer o que se quer como se quer, atacando, criando alvos a abater...existem códigos éticos por alguma razão!

Pode haver influencias políticas, nenhum de nós ficaria surpreendido...mas ficariam surpreendidos se ele tivesse sido despedida por ser péssima jornalista? Quererá ter a TVI simplesmente audiências? Ou audiências com programas de qualidade?

Hugo disse...

...e Fachana...tás a ter uma visão muito unidimensional, da mesma forma que é da responsabilidade da direcção de informação, também é da responsabilidade de quem manda na TVI escolher quem quer para apresentar os seus programas se não gostar do seu estilo

Não podem ficar atados a um péssimo e incompetente jornalista para todo o sempre

Hugo disse...

E gostava que por momentos as pessoas soubessem tirar os filtros partidários e olhassem para as notícias sem se sentirem impelidos a atacar/defender os seus partidos...

Assumir que o vosso partido está errado não vos torna ideologicamente mais fracos. É até um sinal de franqueza. E até agora fachana, simplesmente comentaste, na minha opinião, para atacar o PS de alguma forma, e não olhando com olhos de ver para esta notícia.

Dessa forma admitirias que a tua solução conspirativa (que até poderia, quem sabe estar certa) não é menos ridícula do que aquela do Ary que catalogaste com um grande LOL. Pura especulação...

Haja bom senso, e não o percam quando se tratarem de discussões políticas simplesmente para tornar isto numa discussão clubística.

Hugo disse...

E agora fazermo-nos de virgens muito ofendidas é uma palhaçada!

Virgens ofendidas se calhar deviam existir quando a MMG fazia os atentados contínuos e pessoais aos seus alvos favoritos com o maior dos despudores e desrespeito.

Afastá-la não devia ter sido sequer uma opção da TVI, mas sim da entidade que agora querem que puna os responsáveis que a afastaram. E isto sim tem o seu quê de caricato.

Não o falo como socialista, falo como espectador atento, que ficava quase ofendido e estupefacto com a forma informal como tratava os seus alvos. Fosse tratar assim políticos do PCP e ficaria igualmente desagradado com estas espécies de cruzadas anti qualquer coisa.

Como me dizia o Noronha há algum tempo, ser anti qualquer coisa é das formas mais mesquinhas de se viver...

PS: e fico-me por aqui até voltarem a responder, que já perdi um pouco da compostura :D

Tomás Gonçalves da Costa disse...

Vamos deixar os clubismos partidários de lado e olhar para os factos.

MMG não foi despedida, nem sequer foi levantado um processo disciplinar contra ela por má prática jornalística. O seu programa foi suspenso.

Outro facto. Ninguém assumiu responsabilidade pela suspensão de MMG, a Prisa manda falar com a Media Capital, a Media Capital manda falar com a direcção da TVI, a direcção da TVI está em choque e dirige a curiosa decisão para a Prisa e andamos nisto.

Mais um facto. A Prisa não é uma empresa politicamente independente. Por exemplo, em Espanha foi condenada por, numa rádio sua, passar propaganda do PSOE entre músicas.

Que eu saiba não existe nem existiu algum processo contra MMG por má prática da sua profissão.

Nunca saberemos qual seria, e se haveria, uma peça sobre o freeport que seria feita pública hoje, nem as suas consequências.

Já assistimos a vários "incidentes" relacionados com este governo que revelam um certo problema com a liberdade, por ex, o caso Charrua ou a governamentalização da RTP com o caso José Rodrigues dos Santos.
Isto para não falar nos inúmeros jornalistas isentos e reconhecidos, Carlos Crespo falou nisso na última edição do Sol, que recebem pressões de assessores.

Para concluir, o objectivo da Prisa deveria ser fazer dinheiro, ora a MMG representava muito dinheiro. Qual a razão para suspender o seu programa?

Hugo disse...

- A suspensão foi uma forma de a afastar, utilizando as razões que bem lhes apeteceu,infelizmente não se fez justiça promovendo um processo disciplinar.

- A MMG não teve nenhum processo mas bem que o devia ter tido.

- A peça freeport só morre se ela quiser, com certeza outras televisões, se for jornalismo de qualidade, e vários jornais se não o for, aceitarão de bom grado divulgá-la, passe a publicidade que já teve.

- Quase que não teria dúvidas em afirmar(pura especulação também da minha parte) que estes possíveis novos dados não surgiram agora. Iriam ser utilizados agora por motivos de conveniência, e isso é péssimo jornalismo, e Sócrates deve ter feito mesmo mal à MMG.

- As pressões neste país vão sempre existir, infelizmente, não é exclusivo deste governo. Mas haverão sempre agências independentes, jornais, telejornais que sobrevivem. Hoje é muito difícil manter algo em segredo, e cada vez mais. É condenável aquele que rouba e aquele que se deixa roubar sem se queixar.

- O objectivo da Prisa é fazer dinheiro, mas provavelmente não dinheiro de qualquer forma. O JN ou o Público também querem fazer dinheiro mas nem por isso baixam o nível para algumas notícias que venderiam muitos jornais (embora às vezes não resistam à tentação). Para isso existe o jornal o crime, que vende bastante num determinado público, mas perde tanto mais em outro. As opções editoriais não se fazem simplesmente no sucesso imediato da notícia, mas sim das características que poderão definir e rotular a informação desse meio.

A TVI tem sofrido bastante descrédito pela sua informação e se a sua opção traz muita gente directamente ao seu telejornal provavelmente retira também muita gente que se divide entre RTP e SIC, que se reflectirá nas restantes audiencias.

A TVI transformou-se na revista "Maria" das TV's, dramas nos programas de manhã e da tarde, com muita música popular, péssima e sensacionalista informação, e novelas atrás de novelas.

Isto traz a curto prazo muitas audiências mas igualmente a longo prazo horríficas consequencias para a sua credibilidade. A longo prazo a estação ficará certamente condenada ao descrédito, e com certeza as pessoas não quererão ver os seus gostos ligados à estação...

João Fachana disse...

Oh Hugo, a presença da MMG no Jornal Nacional e o estilo de jornalismo que a TVI faz (e que se manifesta em todos os seus jornais e não só no de MMG) não é de agora, mas de sempre. Pelo menos desde que se tornou a líder de audiências em Portugal, o que já foi há uns anos.

Vais-me dizer que só agora, a menos de um mês das eleições, é que a administração da TVI ou a Prisa decidiu mudar o estilo? E mudar o estilo, diga-se, é mudar o tipo de reportagens que são lançadas, não é só despedir MMG... É muita coincidência. Não digo que apenas estejam em causa interesses políticos, mas que os existam a par de uma vontade de mudar o estilo da TVI.
E não me comam por parvo com a tanga da homogenização dos pogramas noticiosos, o que diferenciava MMG dos restantes jornalistas da TVI é que ela falava de mais para uma jornalista que se quer imparcial. O conteúdo das reportagens é igual, seja na 2a, 3a, 4a, 5a, 6a,sab. ou dom.
E, para finalizar, o que é que há de anormal num telejornal se especializar em todas as 6as feiras lançar uma bomba sobre o freeport?É ataque pessoal? Então e quando se esperava pelas notícias do expresso que tinham sempre algo de bombástico'Ou agora do SOl? E mais antigamente, do independente? E aí, sim, também se falava de perseguição.
O Independente acabou, sabem porquê?Porque as pessoas deixaram de o comprar, porque perdeu credibilidade. E neste caso não, foi diferente, acabaram com um noticiário quando ele era o líder de audiências. Não bate certo. Do ponto de vista empresarial não bate mesmo certo.
Porque um proprietário de um meio de comunicação social tá-se a borrifar se o que o seu canal transmite é bom ou mau. O que quer é audiências, dinheiro, lucro. Não é nenhum zelador do bom jornalismo. para isso há a ERC. E, até agora, ainda não tinha visto motivos para responsabilizar MMG. No entanto, já se manifestou em relação à decisão da administração da TVI (quem quiser, consulte: http://www.erc.pt/index.php?op=vernoticia&nome=noticias_tl&id=282 ). Estranho mundo este...

Ary disse...

"Clubismos à parte" ninguém aqui sabe nada e mandar bocas para o ar é muito bonito. Estou a ver que onde a MMG deixou cair a bandeira do mau jornalismo há muita gente a querer pegar nela.

E não tentem virar o bico ao prego que ainda magoam os dedos.

João Fachana disse...

Apenas um ponto à mesa: a notícia do Freeport foi divulgada no noticiário da TVI, tal como estava planeado. A única diferença foi quem a apresentou.

Hugo disse...

Fachana: "E, até agora, ainda não tinha visto motivos para responsabilizar MMG."

I rest my case :D

João Fachana disse...

Não percebi, Hugo

João Fachana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Fachana disse...

O que eu quis dizer foi que, a ERC, até agora não viu motivos para responsabilizar MMG. O até agora no sentido de que, até ao momento presente não viu motivos para a responsabilizar. Nunca se sabe o que a MMG fará daqui a um ano ou mais.

Por isso não percebo onde "descansas o caso" :D

Duarte Canotilho disse...

O que quer que estejamos para aqui a imaginar e a equacionar, acabará por ser sempre só um palpite, seja ele mais proximo ou não da verdade, mas na realidade isto só são hipoiteses que alargam o circulo mediático a volta da TVI.

PS: É o que se chama de masturbação intelectual...

Hugo disse...

Aproveitando as palavras do canotilho, ejaculei no preciso momento em que o Fachana aceita a decisão do ERC que "não viu motivos para responsabilizar" MMG, mas aceitou sem achar isto uma vergonha, como acha que é uma vergonha ela ter sido suspensa...

PS: Acrescento em tom jocoso, que a verificar-se a influencia de Sócrates na suspensão, este contribuiu em plena campanha para melhorar a informação em Portugal.

Portugal agradece.

José Silva Oliveira disse...

Não era necessário um telefonema do Primeiro-Ministro para alguém na Prisa a pedir para suspender o programa em questão para ser feita pressão. Já compreenderam isso? É que a pressão feita foi pública. Foi feita no Congresso do PS, no Parlamento e na RTP. Era perfeitamente conhecida por todos.

Estou certo que ele não desejava que isto acontecesse, especialmente nesta altura, mas foi a simples consequência dos seus actos irreflectidos. Nunca soube lidar com a crítica e a mania de atacar tudo e todos acabou mal.

João Fachana disse...

Com o que escrevi sobre a ERC apenas pretendi dizer que, partindo do pressuposto de que eles percebem mais do que eu ou tu, Hugo, sobre a legislação que regula a comunicação social, nunca viram as acções tablóidescas de MMG como violadoras das normas profissionais e deontológicas dos jornalistas. É verdade, pode não se gostar do estilo, ser uma maneira de fazer jornalismo muito pouco credível, mas, mesmo a sim, à luz da lei, ser perfeitamente legítima. Até parece que só em Portugal é que existe lixo jornalístico. No R.U. existe a pacotes e, no entanto, é tudo perfeitamente legítimo e, se querem a minha opinião, com muito mais folclore que o jornal de MMG.
E a mesma ERC vê motivos para averiguar o que está por detrás da decisão da administração da TVI, receando que esteja em causa a violação da lib. de expressão e informação. Pode até chegar à conclusão de que foi uma decisão perfeitamente legítima. Mas à primeira vista, tendo em conta os factos que se sabem, não. Tal é o que consta da comunicação da ERC.

João Fachana disse...

Então, parou tudo de comentar este post? :D

Só mais um ponto, Hugo, que ao reler os teus posts não contestei:

A proprietária de um meio de comunicação social, seja tv, rádio ou imprensa, deve perservar a sua independência face ao conselho editorial que coordena o meio de comunicação.
Isto reflecte-se em que o seu poder se traduz apenas por escolher o director de informação, ouvido o conselho editorial(ou de redacção, é a mesma coisa).
Ou seja, no caso em análise, aparentemente e segundo o que é noticiado o que foi feito foi a administração ter obrigado o director de inforação, contra a sua vontade, de destituir MMG. ora isto está errado. Se a administração não concordava com o estilo do Jornal Nacional de 6a, o que deveria ter feito era destituir o director de informação, uma vez que este até é mais responsável que MMG, uma vez que deu o seu aval para que o jornal fosse transmitido naqueles moldes e é le que tem a responsabilidade máxima pelo que é transmitido na TVI.
Depois nomearia um novo director de informação que faria as mudanças necessárias.
É assim que deve ser feito e, já agora, para citar um exemplo, foi o que aconteceu no Expresso com a saída do José António Saraiva e a sua substituição pelo Henrique Monteiro, actual director do expresso. ´
Daí que, esta decisão surpresa e à última hora, se a Media Capital (ou a Prisa) agissem "by the book" nunca poderia ter sido tomada tão de repente...

Enviar um comentário