sábado, 18 de outubro de 2008

Esta casa defende que a poligamia é inata ao ser humano

Como estive a assumir a Presidência da Mesa, deixo agora a minha opinião pessoal sobre este tema tão interessante,


A poligamia, comummente entendida nos dias de hoje como a prática de ter vários parceiros sexuais ao mesmo tempo, identifica-se cada vez mais com a noção de traição. Isto porque normalmente, a poligamia deriva da situação de um indivíduo manter uma relação com outro e por vezes, manter relações ainda com outros indivíduos, ou relações sexuais com outros indivíduos ao mesmo tempo. Existe quem defenda que hoje em dia, dadas as múltiplas possibilidades, as relações poligâmicas se tornariam em relações mais felizes e duradouras, pois nunca cairiam nas discussões de ciúmes ou de desconfianças, e nunca trariam o fantasma da traição.
Pessoalmente, defendo que quem não se quer comprometer com a monogamia, não deveria começar uma relação. Ou pelo menos com alguém que acredite na monogamia e que deposite nele os desejos da mesma orientação face aos relacionamentos. Simplesmente, assumir uma relação, tem para mim uma relação muito estreita com assumir perante alguém que sentimos coisas que passam para além da atracção física. Não que todas as relações acabem em amor, ou que todas venham alguma vez a aspirar a algo mais do que a paixão, mas sendo amor ou apenas paixão, a verdade é que é incompreensível do meu ponto de vista alguém se comprometer perante outrem, e por trás não conseguir manter-se fiel.
Lembro que durante o debate alguém falou no facto de ser hoje raro encontrar alguém que nunca traiu ou que nunca tenha sido traído. Faço minhas as palavras do Paixão e digo que de facto também eu nunca traí. Talvez tenham havido motivos e oportunidades, mas aquilo que distingue um ser humano, é conseguir ter em si a razão de saber o que é correcto e errado. E assim, qualquer atracção sexual de momento, qualquer impulso, qualquer vontade, fica travada pela ideia de que existem alguém que vai ser directamente afectado pelas nossas fraquezas. Considero que a base do respeito numa relação passa também por esta capacidade de deixar de lado o nosso instinto animal, em prole de algo que nasce em comum. Também porque acredito que esconder isso de alguém com quem se está é basear tudo numa mentira, e porque de certa forma sei que não conseguiria deitar-me ao lado de alguém sabendo que lhe fui infiel.
Se todos queremos viver por impulsos de momento, então não faz sentido querer manter uma relação. Simplesmente porque passamos de ser nós e passamos a ser dois de nós, por muito que haja independência, por muito que as coisas possam ter pouco tempo, por muito que alguém se arrependa. A verdade é que os erros acontecem. Provavelmente quem comete erros acaba por nunca mais os fazer, mas uma vez um erro feito, basta por vezes para derrubar coisas que certamente iriam durar mais tempo e muito provavelmente iam trazer mais felicidade. E existem depois aqueles que simplesmente não conseguem ser monogâmicos, mas que também não entendem as dimensões dos actos que cometem e simplesmente acham para si mesmos que gostam de alguém e que o facto de gostar não implica que carnalmente não possam estar com outras pessoas.
Do meu ponto de vista, de alguma forma pode alguma vez o amor ou a paixão, conviver de mãos dadas com a poligamia. Embora alguns seres humanos nasçam inatamente poligâmicos, ou mesmo que todos nasçam poligâmicos, a verdade é que muitos deles (ou pelo menos assim o espero), conseguem controlar-se e nos processos de socialização aprendem que os sentimentos e as relações de afecto com os outros, não são compatíveis com a leviandade, mas sim com a monogamia.

2 comentários:

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

tive que te linkar daniela :) muito bom

jünger disse...

quem fala assim não merece ser Presidente da Mesa, privando-nos do privilégio de a ouvir!

muito bom!

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