A imagem seria porventura mais interessante numa moldura em tons encarnados...
Mas talvez, o complexo da cor ideológica nos tolde muitas vezes a opinião e nos force a seguir, não uma disciplina de voto, mas uma disciplina de conformação partidária. Não se trata de vender a alma ao diabo (que por acaso se diz ser
vermelho), mas sim de estar de consciência tranquila.
As empresas, invocam que tempos extraordinários exigem medidas extraordinárias.
Assistimos a uma catadupa de despedimentos, qual reality show televisivo, onde os actores da vida real esperam ansiosamente por saber quem serão os nomeados da
semana, e quais os que acabarão por sair (a Quimonda mostra-se digna do papel de Zé Maria, e tem se aguentado algumas semanas na corda bamba).
É a crise diz-se...Mas a crise arrisca-se a ter que frequentar o ginásio para aguentar tanto peso nas suas costas...
Louçã, apresentou uma proposta, onde, por decreto, se proibiria as empresas com lucros de despedir os seus trabalhadores...
Acusar esta proposta de vistas curtas e de irresponsável é de senso comum, mas não será de ignorar o sumo que se deve tentar espremer de determinados radicalismos...O apelo à consciência social dos empresários é inútil, porque o grilo falante há muito que tirou férias.
É irrealista querer acreditar que as empresas não estão a tirar proveito do momento para racionalizar os meios humanos e os conceitos indeterminados abundam e facilitam tal na matéria em questão. É difícil acreditar que a Corticeira Amorim, do homem mais rico do país, acaba de despedir quase duas centenas de postos de trabalhos (cuja maioria auferia entre 500 e 600 euros) por estritas necessidades de subsistência.
Transformar a crise numa oportunidade é de uma baixeza moral que me enoja. Mas esta posição será realista por parte das empresas (a força legitimadora da adaptabilidade) que de realista só não tem a falta de fiscalização apertada ao arbítrio corrente.
O despedimento não é menos que um drama, para o trabalhador e para os que o rodeiam, e é impossível não exigir que o governo intervenha...O "como", confesso, ainda me deixa bastante dividido...
Não se deve dar o peixe às pessoas mas sim as canas para pescar...mas e quando não houver canas para entregar?
spaceship wizardry
Há 1 dia
9 comentários:
Nice Stuff!
Commendable Blog Indeed!
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Regards,
Mehta
Muy buen blog!
saludos desde Australia
Crazy Drile
Hugo, não concordo nada contigo quando dizes
"É irrealista querer acreditar que as empresas não estão a tirar proveito do momento para racionalizar os meios humanos e os conceitos indeterminados abundam e facilitam tal na matéria em questão. É difícil acreditar que a Corticeira Amorim, do homem mais rico do país, acaba de despedir quase duas centenas de postos de trabalhos (cuja maioria auferia entre 500 e 600 euros) por estritas necessidades de subsistência."
"Transformar a crise numa oportunidade é de uma baixeza moral que me enoja. Mas esta posição será realista por parte das empresas (a força legitimadora da adaptabilidade) que de realista só não tem a falta de fiscalização apertada ao arbítrio corrente."
Não podemos estar a exigir que as empresas arquem com impostos enormes e, simultaneamente, estar a exigir que as mesmas supram o papel do Estado. A hipocrisia está em defender um pseudo estado não interventivo, continuando no entanto a lançar impostos altíssimos. É muito bonita a posição do trabalhador, mas também a do empresário. No momento em que o empresário não puder continuar a orientar a sua empresa para o lucro, com pleno respeito pelo direito interno, quero ver onde é que a iniciativa económica continua a subsistir.
Curiosamente, as ideias "altruistas" das empresas de auto-gestão foram um fracasso. O que leva alguém a investir é o lucro. O que me faz acreditar no Estado é colmatar as falhas que surgem no mercado e, além disso, manter uma certa reserva de serviço público (SIEG).
Já historicamente, perante os perigos do "capital", houve quem preconizasse a nacionalização de todos os meios de produção (ou quase). O que resultou num perfeito marasmo da economia ou, melhor, num seu definhamento a longo prazo. É a isso que queremos voltar? Ou, pelo contrário, a tentar melhorar o nosso modelo de Estado?
Tiago e Hugo,
concordo totalmente com ambos.
Se por um lado há muitas empresas que não estão a ser afectadas pela crise mas que a estão a usar como justificação para despedir trabalhadores de modo a flexibilizar os custos com a mão-de-obra agora que é mais fácil, por outro temos muitos empresários para quem a decisão de despedir é um "comer ou ser comido", ou despedem ou têm de fechar as portas e ficam todos sem emprego.
Se por um lado era bom que as empresas fossem socialmente mais responsáveis, até porque a longo prazo isso lhes traz dividendos (especialmente no caso de empresas grandes, mas não só) mas não podemos exigir muitos dos comportamentos que levam uma empresa a ser socialmente responsável.
O despedimento tem de ser a última opção. Onde por ventura pode ainda falta flexibilidade no nosso ordenamento jurídico não é tanto na hora de despedir, mas na hora de reestruturar. Aliás acredito que algumas empresas estejam absurdamente a despedir para reestruturar desnecessariamente.
hugo, eu foco especialmente esta parte do texto:
"Louçã, apresentou uma proposta, onde, por decreto, se proibiria as empresas com lucros de despedir os seus trabalhadores...
Acusar esta proposta de vistas curtas e de irresponsável é de senso comum, mas não será de ignorar o sumo que se deve tentar espremer de determinados radicalismos...O apelo à consciência social dos empresários é inútil, porque o grilo falante há muito que tirou férias."
eu não sei até que ponto é assim tão inútil apelar à consciência social dos empresários. portugal é também bom exemplo de boas empresas cujo acordo trabalhador-empregador funciona numa base estável, e tudo sem grandes interferências sindicais ou estatais. essas empresas estão agora a sobreviver à crise, pelo menos na maioria.
para apelar à consciencia dos empresários tb é preciso apelar à dos trabalhadores. e aos grandes sindicatos, que não parecem muitas vezes estar dispostos a colaborar com os empresários, nem com os próprios trabalhadores.
e apelar à consciencia dos politicos e governos também, para manterem os seus compromissos para com as empresas.
Mas eu concordo ctg tb tiago. :D
E tb com o ary...
E tb com o manel...
Se calhar expliquei-me mal então...
Tiago, daí dizer que é realista esperar que as empresas se procurem adaptar, pensar nelas primeiro depois na sociedade e nos trabalhadores. Isto é realista, a empresa orienta-se pelo lucro, e mais lucro(ou menx prejuizo) terá a corticeira amorim. Mas não seria socialmente correcto exigir, num momento destes, das grandes impresas, um sacrifício suportável, como acredito que este seria? Ou quando há um apoio do Estado a uma empresa, não é indirectamente um apoio e sacrifício da sociedade e dos contribuintes?
O erro está em defender posições extremas, realmente há casos que o despedimento é única solução, mas tb há casos de aproveitamento puro. E concordo plenamente com o teu último parágrafo. de longe acredito que o "capital" deva ser visto como inimigo papão, mas como um parceiro, a quem se deve reconhecer legitimidade para crescer e lucrar, mas a quem se deve exigir seriedade e colaboração a nível social.
Ary, para variar concordo ctg...
Manel, não é momento para "contar com o ovo no cu da galinha" mas exigir esse mesmo ovo. Felizmente há bons exemplos, também como tenho uma posição bastante crítica em relação aos "sindicatos da destruição", eternamente insatisfeitos. Veja-se a outro título, a Fenprof, que não representa ninguém, a não ser eles próprios e os seu camaradas políticos e acabam por cair no ridículo.
"Não se deve dar o peixe às pessoas mas sim as canas para pescar...mas e quando não houver canas para entregar?"
A mim, o que mais me surpreende são pessoas a receber subsídios de desemprego e, que, lhes sendo oferecidas oportunidades de emprego em que lhes pagam o equivalente ou algo mais, preferem (por razões óbvias?) ficar em casa.
Chocado então ficarias em saber que há famílias que fazem carreira no desemprego em algumas cidades europeias, como Liverpool ou Lyon, chegando às 3 gerações no desemprego...
Obrigado, Hugo. Acabo de ficar chocado.
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