Bom ano a todos.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
alegacao final
Bom ano a todos.
Ano do Senhor de 2009
Mais e mais perto do ano três mil e tal, a humanidade passa para o ano 2009 dentro de algumas horas (nem sei se algum índio do pacífico já terá passado, mas também isso não interessa para o caso). Dizem-me que não vai ser um ano de vacas gordas e eu até acredito. Mas também acredito que não é isso que faz um ano. Por ventura alguém sabe se o ano de 1492 foi um bom ano? Ou o de 1500? Ou mesmo o ano zero deste nosso calendário. O de 1789 cheira-me que não terá sido grande coisa ...
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Porto-Nova York sem passaporte já em 2010
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
touche!
Está certo que as vistas brilhantemente largas de muitos dos autores dos nossos livros de estudo não são novidade.
Mas o brilho é ainda maior quando, depois de nos embrenharem criticamente na dogmática, como que nos retiram das silvas da complexidade teorética, e, de um repente, de forma desarmante, nos atiram com o mundo e a vida aos olhos.
Hoje, estudando Direito Penal, enquanto submerso na dogmática da Acção dentro do sistema categorial-classificatório de Jescheck, e apercebendo-me vagamente do caminho que Figueiredo Dias trilhava rumo ao seu sistema teleológico-funcional e racional, eis que o autor nos dá um (subreptício) estalo de lucidez.
Criticava Figueiredo Dias a "excessiva abstracção generalizadora e classificatória que vai implicada na aceitação de um qualquer conceito pré-jurídico geral de acção". De seguida, sem nos avisar, lança isto:
É um preconceito - de raiz idealista - pensar que os fenómenos deste mundo devem por força reconduzir-se a conceitos de maior abstracção e, em definitivo, formar uma "ordem" preestabelecida que só importaria "conhecer".
E depois seguiu a exposição teórica, como se nada fosse, como se não tivesse acabado de escrever algo hiper-clarividente que para o caso concreto poucos de lembrariam de escrever. E eu fiquei de boca aberta.
unidade da ordem jurídica (2)
Cosa Bella* II
"E é por isso que qualifico de fúteis os financeiros e de razoáveis as balarinas. Não que eu despreze a obra dos primeiros. O que não percebo é a arrogância, a segurança e a satisfação de si próprios que eles mostram. Julga-se o termo e o fim e a essência, quando não passam de criados. E eles começam logo por servir as bailarinas."
(nota: Exupéry fala-nos das bailarinas num sentido de pureza, na medida em que o que fazem sai-lhes da alma, transparência total, agem com coração no fundo!)
Cosa Bella*
Eu, em vez de impor actos, imponho estruturas. E diferencio os dias uns dos outros. E estabeleço uma hierarquia entre os homens e crio casas mais ou menos belas para suscitar a inveja. E introduzo regras mais ou menos justas, para provocar movimentos diversos. E, se a certa altura a justiça é deixar estagnar este pântano de refugiados até de todo morrerem, eu quero lá saber da justiça... E obrigo-vos a deixarem-se imbuir pela minha linguagem, porque a minha linguagem tem sentido para eles. Ela não passa de um sistema de convenções de que eu lanço mão no intuito de atingir o homem, que se acha tão adormecido neles como se eles fossem cegos, surdos e mudos. Lança fogo ao cego surdo-mudo e grita-lhe "fogo". E cada vez que tu o queimares, grita-lhe "fogo". Estás a ser injusto para o indivíduo porque o queimas. Mas será justo parra o homem porque, depois de lhe teres gritado "fogo", o iluminas. E lá virá o dia em que, logo que lhe disseres "fogo" sem o queimares, ele retirará imediatamente a mão. É sinal de que nasceu.
Independentemente da vontade deles, esses homens acha-se ligados ao absoluto de uma rede que não podem julgar, porque existe e está tudo dito. As casas "são" diferentes. As refeições "são" diferentes. (Hei-de estabelecer também um dia de festa. As festas levam uma pessoa a tender para um dia e desse modo existir. Submeterei esses homens a torções e tensões e a figuras. que, a bem dizer, toda a tensão é injustiça. Será porventura justo que esse dia difira dos outros?) E a festa fá-los-á afastarem-se ou aproximarem-se de qualquer coisa. E o facto de as casas serem mais ou menos belas fá-los-á ganharem ou perderem seja o que for. Entrarem e saírem. Além disso, hei-de desenhar linhas brancas através do campo, para que haja zonas perigosas e zonas de segurança. E introduzirei o lugar proibido, onde todo aquele que entrar será punido de morte, no mero intuito de os orientar no espaço. Resultado: a alforreca passará a ter vertebras e a poder caminhar. Não achas isto admirável?
O Homem dispunha de uma linguagem vazia. Mas a linguagem voltará a dominá-lo como um freio. E haverá palavras cruéis, capazes de o fazerem chorar. E haverá palavras sonoras, que lhe iluminarão o coração.
É eu dar-vos facilidades e lá se vai tudo por água abaixo. Não por causa das riquezas em si, mas por elas, em vez de trampolim fosse para o que fosse, não passarem de provisões arrecadadas. o teu erro não está em dares mais, mas em exigires menos. Se tu dás mais, deves exigir mais.
Justiça e igualdade. E aí temos a morte. Mas a fraternidade só na árvore se encontra. Evita confundir a aliança e comunidade. A aliança não passe de promiscuidade de deuses a dominarem, nem irrigação. nem musculatura. Aliança, é portanto, apordrecimento.
Eles viviam na igualdade, na justiça e na comunidade totais. Acabaram por se dissolver. Aí temos o repouso das bolas misturadas.
Deita-lhes uma semente, que os absorva na injustiça da árvore.
I am the King of May
Total insubordination
Complete revolt, formal sabotage
Still it must be stressed that on this port
There is no room for compromise
Faint, all our crime is crime of physical setting
Except inside the mind (All inside the mind)
How come more and more futile
The American dream is the fertilize? (oh the fertilize)
Nothing at all can be expected
Except for the use of violence
Nothing at all can be changed if
Evolution turned us to silence
Confrontations clearing the way
Will be opening (will be opening)
Not as end in itself
But as a beginning (as a beginning)
Música: The way will be opening
Stereolab
Poema: Kral Majales (King of May)
Allen Ginsberg
domingo, 28 de dezembro de 2008
humanidade
Na sequência de um recente post da Daniela, não consegui deixar de pensar nisto:
"Querido leitor,(...)
Este livro teve a boa fortuna de te agradar, e isso encheu-me sempre de júbilo. Escrevo para ti desde que comecei, sem te lisonjear, evidentemente, mas também sem ser insensível às tuas reacções. Fazemos parte do mesmo presente temporal e, quer queiras, quer não, do mesmo futuro intemporal. Agora, sofremos as vicissitudes que o momento nos impõe, companheiros na premente realidade quotidiana; mais tarde, seremos o pó da História, o exemplo promissor ou maldito, o pretérito que se cumpriu bem ou mal. Se eu hoje me esquecesse das tuas angústias, e tu das minhas, seríamos ambos traidores a uma solidariedade de berço, umbilical e cósmica; se amanhã não estivéssemos unidos nos factos fundamentais que a posteridade há-de considerar, estes anos decorridos ficariam sem qualquer significação, porque onde está ou tenha estado um homem é preciso que esteja ou tenha estado toda a humanidade." (os sublinhados são meus)
Miguel Torga, excerto do Prefácio aos "Bichos"
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
O Belicista
O Natal e a Guerra
Hoje caro leitor vou falar de um tema que gosto muito! Vamos falar da primeira guerra mundial. E porquê?? Isto porque em 1914, por esta altura mais ou menos passou-se algo extraordinário na 1a guerra mundial.
Ora foi a 25 de dezembro de 1914 logo pela manhazinha na frente ocidental em frança. As trincheiras ja tinham sido escavadas ha uns meses, e portanto ja tinha começado a chamada guerra das trincheiras onde "ondas" de soldados de ambas as partes atacavam a trincheira oposta. No entanto nessa data foi enviado um telegrama ao comandante alemão da trincheira, por parte das forças da triplice entent (diga-se britanicos e franceses) para fazer uma tregua por ser natal. Entao deu-se um tiro para o ar de cada lado, e os soldados de ambos os lados sairam da trincheira, e cumprimentaram os seus adversários, conversaram, fumaram beberam juntos e comeram juntos.
Ficou famoso o jogo de futebol feito na "terra de ninguem" entre os alemaes e os britanicos, jogo esse onde se usou uma bola de trapos improvisada....
Acho que nunca houve uma demonstraçao de quao importante é o natal, e tao forte o seu simbolismo!
Claro que nessa epoca estavamos perante uma guerra de cavalheiros onde se respeitava realmente o adversário (outros tempos). Uma guerra em que os soldados percebiam que o seu adversario tambem era recrutado para matar, e ambos estavam numa situaçao que nao gostavam.
À meia-noite os soldados trocaram os ultimos olhares e saudaçoes... voltaram para as trincheiras respectivas.... Deu-se um ultimo tiro para o ar de cada lado, e a guerra recomeçou....
Claro que depois disso os soldados de ambas as partes, não queriam lutar, isto porque estavam a poder matar amigos acabados de fazer... houve uma desmoralização por parte dos soldados.
Claro que quando esta tregua chegou aos ouvidos do alto comando britanico, e do alto comando alemão, trocaram imediatamente as tropas da linha da frente, e desterraram-nas para outro sitio. Para alem disso ficou estipulado que nos anos seguintes, se algo acontecesse assim, entao dava lugar a pena de morte.... :(
Assim vejo a verdadeira influencia do natal, e a sua profundidade.... até se parou uma guerra mundial para o celebrar, e até os mais ferozes inimigos foram convidados para o celebrar juntos.
Aproveito para desejar uma continuação de feliz natal
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
manhã de natal
Após prendas e prendas, embrulhos e embrulhos, na manhã de natal (mesmo que não esteja a nevar, que cenário seria esse =P) ainda há qualquer coisa que podemos oferecer com certa graciosidade, beleza e pureza:
Feliz Natal para todos vós e para aqueles que vocês amam =)
P.S. Não se arranja mesmo neve? hmmm... damn =P
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Sociedade de Debates Familiar
Consegui e nem foi nada difícil!
a minha música de natal
é natal e eu estou ainda às voltas com penal, a estudar com o ânimo de um condenado às galés.
daqui a pouco tenho de sair para comprar uma coisa caríssima para uma familiar muito querida. que se lixe.
um feliz natal a todos.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
A minha carta de Natal*
"Este Natal, recordemo-nos que aqueles que vivem entre nós são nossos irmãos, que partilham connosco o mesmo instante de vida, que respiram o mesmo ar e se aquecem ao mesmo Sol, se molham na mesma chuva e que se constipam. Que procuram, como nós, apenas uma oportunidade serem felizes e viverem uma vida cheia. Estou certa que esta esperança comum, que este objectivo comum, conseguirá ensinar-nos algo. Estou certa que pelo menos poderemos pedir para este Natal a graça de olharmos para cima e vermos um Pai, e olharmos à nossa volta e vermos irmãos, uma vez mais."
Feliz Natal e que também a Paz desça pela vossa chaminé.
*Sem imaginação para sms e dinheiro para postais aqui fica a minha carta de Natal.
Partilha
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Videos
Disponível aqui e aqui o vídeo do XV Debate (Natal).
Disponível aqui o vídeo do XVI Debate (Dirigentes Associativos).
A intervenção do nosso Presidente, Ricardo Costa, no dia da Faculdade, aqui.
O Professor Colaço Antunes e a Lesgislatuna, no dia da Faculdade, aqui.
sábado, 20 de dezembro de 2008
Pastelaria e os limites à autonomia privada
Tenho de partilhar: "A US bakery has refused to decorate a three-year-old's birthday cake with his name - Adolf Hitler Campbell.Skip related content The trouble, the New Jersey shop said, was that it was "inappropriate" to put such a name on the cake. But the little boy's father, Heath Campbell, said it was unfair of ShopRite supermarket to turn down his request. Heath Campbell said he named his son after Adolf Hitler because he liked the name and because "no one else in the world would have that name". Referring to the baker's decision, he said: "They need to accept a name. A name's a name. "The kid isn't going to grow up and do what Hitler did." But the problem does not stop there. The shop has also refused to make a cake for Mr Campbell's second child, who turns two next February. Her name is JoyceLynn Aryan Nation Campbell. Heath and Deborah Campbell's third child will probably not get a cake from that shop either. The eight-month-old baby has been named Honszlynn Hinler Jeannie Campbell, apparently a reference to one of the Nazi's most monstrous leaders, SS head Heinrich Himmler. For the time being, the matter has been settled - the Campbells had their cake made by Wal-Mart." in Sky NewsRELATED PHOTOS / VIDEOS
Apocalipse ou, quem sabe, revelação
Esta casa acredita no bom, no belo, no amor e [talvez] na verdade
Foi uma noite de cristal, impossível de ser descrita, em que houve finalmente tempo para as coisas mais importantes da vida [obviamente não por esta ordem]: comer, beber, amar, conversar, rir, olhar, ou melhor, ver, aprender, dar graças por toda a miséria humana, por toda a fragilidade da carne e do espírito, por todas as curvas da estrada que a tornam mais comprida.
Esta casa acredita que o associativismo estudantil está morto e não ressuscita
sábado, 13 de dezembro de 2008
Esta casa acredita que se devería banir o Natal
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
15.12.08
Segunda-feira é um dia muito importante para nós. Vamos ter a nosso convite representantes de pelo menos 9 Faculdades a participar naquele que é o nosso maior projecto até hoje.
Envolvi-me talvez demasiado para que esse dia fosse possível, comprometi-me talvez mais do que me seria exigido, mas se assim foi é porque apenas desejo com muita força o que sei que todos queremos: uma Sociedade de Debates respeitada e forte internamente que se projecte para o exterior contagiando outros.
Tive o cuidado de escolher bons oradores e portante tenho a certeza que este será [mais] um grande debate. Mas é mais do que isso que está em jogo: segunda-feira, às 18h00, na Sala 1.01, daremos um passo muito importante para a consolidação do nosso projecto, para a afirmação de uma SdD que já não se fica pelo auto-consumo e que ganha capacidade para se "abrir ao mercado" sem medo da importação e da exportação de ideias e argumentos.
Sei que não estou sozinho, que não trabalho sozinho e que há muita gente que nutre, como eu, um carinho especial pela Sociedade. Sinto apenas o dever de agradecer a todos o apoio que senti até hoje e de de vos pedir, por favor, que não baixem a guarda nestes últimos dias e em especial na própria segunda-feira.
Peço-vos para que se voluntariem aqui para:
- Ir falar a todas as salas de todos os anos;
- Distribuir flyers;
- Reencaminhar duas mensagens que eu vou mandar para toda a gente para quem tenham mensagens grátis (uma Domingo e outra Segunda-feira) (também podem mandar as vossas mensagens, eu reenvio);
- Convidar pessoas de outras faculdades para vir assistir;
- Convidar ex-alunos (se precisarem peçam para usar o telefone da AE)
- Fotografarem a sessão (eu posso levar a minha máquina, mas queria mais máquinas a disparar);
- A campainha é uma miragem?
Estamos todos nisto e mais do que nunca eu preciso da vossa ajuda.
Se não souberem como podem ajudar perguntem. O meu mail é aryfcunha@gmail.com .
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Discos Pedidos
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Chuck Norris
Acho que não deviam estar a dizer bem de mim quando há um Homem, com H grande, como Chuck Norris por aí.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Esta casa defende que não deve haver liberdade para os opressores da liberdade
Um tema tão acessível como pertinente lançou um debate que ficará marcado por ‘brancas’, genocídios hipotéticos, frases espirituosas e, como não podia faltar, personagens do Dragon Ball.
No decurso dos discursos (viva a paronomásia) assistiu-se a uma caricata tomada de posições por parte dos deputados a respeito desta condição que tanto nos diz e tanto diz de nós – a liberdade.
A abrir o debate, a definição do Primeiro-Ministro, Duarte Canotilho, para o tema versou sobre “a liberdade como realização última e plena da vida humana à qual qualquer opressão e restrição deve ser punida por lei”. Ora que se bem na presença de um orador fluente, confiante nos seus argumentos, uma certa redundância e uma expressão pouco espontânea falharam em ‘prender’ a audiência. Contudo, a segunda e última intervenção avivou o seu desempenho, que o limite de 3 minutos fez saber a pouco.
Seguiu-se o Ministro da Oposição, Guilherme Silva, que, sem mais demora, começou por convidar a Assembleia a reflectir se “Será melhor o homem que oprime que o opressor ele mesmo?”, retórica essa que lhe terá seguramente granjeado a consideração do público. Não obstante, os pilares do seu discurso foram, sem dúvida, o humor algo cáustico que pautou uma série de observações perspicazes que teve e mais tarde vieram a ser aproveitadas pelo Líder da Oposição.
Na sequência disto, apossou-se do púlpito o Ministro do Governo, André (Bastinhas), que embebeu o público na sua calorosa eloquência de quem convence sem fortes argumentos e cativa mesmo em (longo) silêncio. Num feito que deixaria o próprio Super-Homem boquiaberto, esta terá sido a abordagem mais leviana do tema e, ainda assim, a que mais terá tocado o público. ‘That’s what makes a good politician!’
Entra depois em acção o Líder da Oposição, Pedro Ary, que não poupou a sua intervenção de um número sem fim de argumentos que exortavam ao respeito pela liberdade, qual Revolução Francesa de 1789, como manifestação do “amor aos outros”, sem se esquecer, no entanto, de tecer o enredo para um promissor romance entre gazelas e leões que certamente deixará a Assembleia expectante. Com uma frase que devia decerto ser ouvida com maior frequência principiou o seu discurso e com ela vou eu rematar este comentário – “A liberdade nasce como o Sol, nasce para todos”. “Bem haja”.
As pontuações:
PM Duarte Canotilho – 67 pontos
MO Guilherme Silva – 76 pontos
MG André (Bastinhas) – 67 pontos
LO Pedro Ary – 81 pontos
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Restauração
Porque será que ninguém falou neste blog do dia 1 de Dezembro? Ficámos todos à espera uns dos outros?
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
O dinheiro faz girar o mundo?
(também em www.o4uarto.blogspot.com)
Em parelelo ao tema do último post, era debatido num programa na Sic Notícias (há já uns bons meses atrás), a questão da Diplomacia Económica.
No site da Embaixada de Portugal no Japão (é uma fonte algo estranha confesso), encontra-se a seguinte definição: "A diplomacia económica é “entendida como a actividade desenvolvida pelo Estado e seus institutos públicos fora do território nacional, no sentido de obter os contributos indispensáveis à aceleração do crescimento económico, à criação de um clima favorável à inovação e à tecnologia, bem como à criação de novos mercados e à geração de emprego de qualidade em Portugal.”
Percebendo de antemão a importância e actualidade da actividade, a interrogação que maniqueisticamente se impõe será: há países bons e países maus?
Aceitando-se parte da premissa, isto é, que há atitudes que, liminarmente, reprovamos e rejeitamos nas políticas e acções de determinados Estados (especialmente no campo dos Direitos Humanos), será coerente manter com estes, ainda que estritamente económica, relações de cooperação?
Os mais progressistas, não hesitarão em afirmar que não é uma questão de valores, mas sim uma imposição do mundo actual, uma questão de eficácia e sobrevivência...
Desafiarei até, a encontrarem no mundo ocidental um país que assim não pense e actue...
Note-se com especial interesse prático, a relação do nosso Portugal com Angola ou Venezuela...
Num anterior debate em que participei discutia-se "Esta casa não negocia com terroristas"...e com países que dão sonoras gargalhadas perante o artigo número 1 da nossa Constituição? E com governos corruptos que oprimem os seus povos? E não concordando com a fonte, deve-se beber dela também?
Será possível um governo vestir a pele de vendedor e correr todas as capelinhas de ouro e no dia seguinte não compactuar com os governos com os quais ainda no dia anterior se reuniu?
Enquanto isso vou engolindo que o espírito prático e realista exige que nos vamos esquecendo de alguns pormenores...e nesse entretanto vou admirando a solitária diplomacia, a suprema hipocrisia...
Deverá Sócrates elogiar a democracia angolana para receber em troca o "esquecimento" na seguinte reunião da CPLP do líder angolano?
Quem paga nunca foi o mais o cortês ("o cliente tem sempre razão"), mas aqui quem vende que não fique para o jantar...