A princípio achei que fosse uma brincadeira, mas parece que o sujeito, antigo analista do KGB, não só existe, como faz comentário político regularmente para a televisão russa e tem dado entrevistas sobre o tema a vários jornais, nomeadamente ao Pravda, e a diversos media ao americanos e europeus. Nessas entrevistas ele fundamente a sua opinião numa boa dezena de argumentos, entre os quais: a gigantesca crise económica, a dependência energética e financeira, a decadência moral, a extensão do território americano e a falta de coesão jurídica, a guerra no Irque, a fragilidade do dólar, a forte imigração e a ameaça do espanhol ao inglês nos estados no sul.
Parece que um porta-voz da Casa Branca se recusou a comentar este cenário.
Para nós nem era mau viajar para NY com euros, sem ter de tirar o passaporte (nem os sapatos).
16 comentários:
Esta previsão de Igor N. Panarin lembra-me, sem dúvida, os astrólogos e "cientistas" afins que, todos os anos, vão à televisão adivinhar o futuro para o ano que está para começar. Aqui é algo semelhante: Manuela Ferreira Leite vai ganhar as eleições, o Boavista vai sagrar-se campeão, um cometa vai destruir, note-se, parcialmente a Lua...que mais? Ah, pois claro, o mais importante, lá para o fim de 2009 os EUA vão fragmentar-se e aliar-se, por regiões, aos países com os quais fazem fronteira.
Viva a adivinhação.
P.S. O TGV passará a ligar Lisboa a Madrid. A linha para o Porto ficará pendente pois será iniciada a ligação Lisboa - Ponta Delgada (com vista a ligação futura com NY - o maior túnel visto, dizem).
Se a certa é o maior...
Se errar ninguém se vai lembrar...
Também me parece descabido. Os argumentos, além de não serem originais, não são... fortes.
Eu estranho é alguém pôr-se a dizer um disparate destes com 50 anos e uma carreira bem-sucedida.
de facto, um analista russo usar como factor de desintegração dos eua a "decadêcia mral" é mesmo uma enorme falta de análise do próprio país.
já agora, que cena é essa da ameaça do espanhol sobre o inglês? será a língua inglesa algo tão fulcral à independência e mesmo coesão da nação americana?
igor n. panarin deve ter conhecimentos suficientes para me pôr dobrado numa gaveta, mas está a precisar de ler "da democracia na américa" de tocqueville. eu empresto-lhe o meu.
com juros, claro. com russos nunca se sabe.
O capitalismo a mostrar que ainda não perdoou a Rússia por ela ter pensado que podia viver sem ele ...
Eu acho que a língua é das coisas mais importantes para a coesão de um país, especialmente se houve uma grande dispersão territorial. Se a Suiça fosse maior cada cantão era um país.
"O capitalismo a mostrar que ainda não perdoou a Rússia por ela ter pensado que podia viver sem ele ..."
uau. profundo ary. acabaste de terminar a mutação genética de homo sapiens sapiens para cliché ambulante.
"Se a Suiça fosse maior cada cantão era um país."
se...
Se?
my turn for cliche: Se as galinhas tivessem maminhas, os galos tinham mãos.
Em algum ponto da história, houve algum homem que tivesse feito uma previsão acertada em relação a acontecimentos futuros?
...
Não me parece. Isto, por instantes até me pareceu a situação ideal, íamos ter mais membros para a União Europeia e tudo. Mas depois lembrei-me de um episódio engraçado que aconteceu nos anos 80, se não me engano, em que foi pedido a muitos pensadores daquela altura (que antes eram tão ou mais respeitados que igor n. panarin) para fazerem uma previsão do que ia acontecer durante a década de 80 e 90.
Falharam todos. E dúvido que com este senhor as coisas sejam diferentes.
Manuel,
desculpa a resposta ser mais brusca do que devia, mas sinceramente acho que tentares desvalorizar tudo o que digo dizendo que é um cliché já começa a irritar. Eu sei que às vezes não há tempo para escrever tudo o que queremos na hora de comentar um post e que dá algum trabalho articular umou dois argumentos, mas nem sequer faz sentido dizeres que o que eu disse é cliché! Eu nunca ouvi qualquer coisa remotamente parecida com o que te disse relativamente a seja quem for por isso nunca estariamos perante um lugar comum!
A minha suposição era simplesmente um exemplo para mostrar como a extensão territorial aliada à pluralidade de línguas pode ser um factor de desagregação. Não era um verdadeiro "se", não era uma elaborada construção teórica, nem uma constatação do tipo "se A não fosse homem era mulher", era uma forma de as pessoas perceberem o que eu queria dizer, como quem diz "se todos fossemos iguais isto era uma seca" (isso sim um cliché). Pensei que isso fosse evidente.
Lembro-me de uma previsão que até agora se tem mostrado mais ou menos acertada: de 17 em 17 meses a capacidade dos computadores duplica.
Por falarmos em previsões e em Tocqueville:
" Il y a aujourd'hui sur la terre deux grands peuples qui, partis de points différents, semblent s'avancer vers le même but: ce sont les russes et les Anglo-Américains.
"Tous deux ont grandix dans l'obscurité; et tandis que les regards des hommes étaient occupés ailleurs, ils se sont placés tout à coup au premier rang des nations, et le monde a appris presque en même temps leur naissance et leur grandeur.
"Tous les autres peuples paraissent avoir atteint à peu près les limites qu'a tracées la nature, et n'avoir plus qu'à conserver; mais eux sont en croissance: tous les autres sont arrêtés ou n'avancent qu'avec mille efforts; eux seuls marchent d'un pas aisé et rapide dans une carrièrre dont l'oeil ne saurait encore apercevoire la borne"
"L'Américain lutte contre les obstacles que lui oppose la nature; le Russe est aux prises avec les hommes. L'un combat le desert et la barbarie; l'autre la civilisation de tout ses armes: aussi les conquêtes d l'Américain se font-elles avec le soc du laboureur, celles du Russe avec l'épée du soldat.
"Pour atteindre son but, le premier s'en repose sur l'intérêt personnel, et laisse agir, sans les diriger, la force et la raison des individus. Le second concentre en quelque sorte dans un homme toute puissance de la société.
"L'un a pour pricipal moyen d'action la liberté, l'autre, la servitude"
"Leur point de depárt est différent, leurs voies sont diverses; néanmoins, chacun d'eux semble appelé par un dessein secret de la Providence à tenir un jour dans ses mains les destinées de la moitié du monde.
Isto foi publicado em 1840... Claro que por cada vez que alguém prevê com algum sucesso a história há 99 tentativas falhadas.
... esta previsao é um bocado .... quer dizer mt ridicula!!!!
Que o texas se tornasse um estado, englobando a antiga confederação e quiça anexando o norte, ou até o mexico todo.. ainda va la que nao va... mas tipo daqui a uns 20 anos.
Agora... a costa leste dos eua ficarem sob a alçada da UE... :P nunca. Se a russia que ta mesmo aqui ao lado nao pode, se marrocos e o norte de africa tb nao podem porque nao sao europa, entao a costa leste nem se fala, nunca entraria.
O alasca voltar para a russia! tb me parece descabido. Entao se eles venderam aquilo à 1 seculo atras, pois nao queriam aquilo pa nada, pois so dava prejuizo
todos os outros cenarios ainda mais ridiculos sao, a nao ser... a nao ser que houvesse um guerra a uma escala global.
Numa guerra a uma escala global.. eu veria 2 lados
Russia, china, Irao contra
UE, EUA, Israel
Nesse contexto, uma anexaçao da costa leste nao seria de todo descabido, ainda que extremamente improvavel.
Mas de resto parece me muito.. muito nao.. Extremamente improvavel.
Agora os argumentos que o russo indica nao mostram ou indiciam a possibilidade de uma fractura dos EUA, so por causa da crise
Sir Denis,
onde foste arranjar essa pedra preciosa. Um belíssimo texto ...
O texto original é do "De la démocratie en Amerique", mas esta passagem é referida nos apontamentos de História das Ideias Políticas II de Freitas do Amaral.
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