Está certo que as vistas brilhantemente largas de muitos dos autores dos nossos livros de estudo não são novidade.
Mas o brilho é ainda maior quando, depois de nos embrenharem criticamente na dogmática, como que nos retiram das silvas da complexidade teorética, e, de um repente, de forma desarmante, nos atiram com o mundo e a vida aos olhos.
Hoje, estudando Direito Penal, enquanto submerso na dogmática da Acção dentro do sistema categorial-classificatório de Jescheck, e apercebendo-me vagamente do caminho que Figueiredo Dias trilhava rumo ao seu sistema teleológico-funcional e racional, eis que o autor nos dá um (subreptício) estalo de lucidez.
Criticava Figueiredo Dias a "excessiva abstracção generalizadora e classificatória que vai implicada na aceitação de um qualquer conceito pré-jurídico geral de acção". De seguida, sem nos avisar, lança isto:
É um preconceito - de raiz idealista - pensar que os fenómenos deste mundo devem por força reconduzir-se a conceitos de maior abstracção e, em definitivo, formar uma "ordem" preestabelecida que só importaria "conhecer".
E depois seguiu a exposição teórica, como se nada fosse, como se não tivesse acabado de escrever algo hiper-clarividente que para o caso concreto poucos de lembrariam de escrever. E eu fiquei de boca aberta.
filhos da Duna
Há 3 dias
1 comentário:
essa sensação é, de facto, muito boa. da vontade de exclamar:
touche! :D
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