terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O dinheiro faz girar o mundo?

(também em www.o4uarto.blogspot.com)

Em parelelo ao tema do último post, era debatido num programa na Sic Notícias (há já uns bons meses atrás), a questão da Diplomacia Económica.

No site da Embaixada de Portugal no Japão (é uma fonte algo estranha confesso), encontra-se a seguinte definição: "A diplomacia económica é “entendida como a actividade desenvolvida pelo Estado e seus institutos públicos fora do território nacional, no sentido de obter os contributos indispensáveis à aceleração do crescimento económico, à criação de um clima favorável à inovação e à tecnologia, bem como à criação de novos mercados e à geração de emprego de qualidade em Portugal.”

Percebendo de antemão a importância e actualidade da actividade, a interrogação que maniqueisticamente se impõe será: há países bons e países maus?
Aceitando-se parte da premissa, isto é, que há atitudes que, liminarmente, reprovamos e rejeitamos nas políticas e acções de determinados Estados (especialmente no campo dos Direitos Humanos), será coerente manter com estes, ainda que estritamente económica, relações de cooperação?

Os mais progressistas, não hesitarão em afirmar que não é uma questão de valores, mas sim uma imposição do mundo actual, uma questão de eficácia e sobrevivência...
Desafiarei até, a encontrarem no mundo ocidental um país que assim não pense e actue...

Note-se com especial interesse prático, a relação do nosso Portugal com Angola ou Venezuela...

Num anterior debate em que participei discutia-se "Esta casa não negocia com terroristas"...e com países que dão sonoras gargalhadas perante o artigo número 1 da nossa Constituição? E com governos corruptos que oprimem os seus povos? E não concordando com a fonte, deve-se beber dela também?

Será possível um governo vestir a pele de vendedor e correr todas as capelinhas de ouro e no dia seguinte não compactuar com os governos com os quais ainda no dia anterior se reuniu?
Enquanto isso vou engolindo que o espírito prático e realista exige que nos vamos esquecendo de alguns pormenores...e nesse entretanto vou admirando a solitária diplomacia, a suprema hipocrisia...

Deverá Sócrates elogiar a democracia angolana para receber em troca o "esquecimento" na seguinte reunião da CPLP do líder angolano?
Quem paga nunca foi o mais o cortês ("o cliente tem sempre razão"), mas aqui quem vende que não fique para o jantar...

4 comentários:

D. disse...

era aquilo que eu falava dos Estados-terroristas... de facto, cada vez mais se vêem os estados cometer atrocidades para com outros, simplesmente porque não há contra-partida monetária em tomar certos gestos que até poderiam salvar milhões de vida e poupar mesmo muito sofrimento... mas, a lógica de empresa levada cada vez mais a cabo pelos estados, faz com que eles pensem como um empresário, vendo o lucro acima de qualquer outro princípio ou valor de convivência entre as nações.

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

claro que se deve comerciar com os países ditos "maus".
claro que se deve manter relações com esses países.
só através da troca de ideias e bens se pode cultivar e aumentar as possibilidades das populações se enriquecerem cultural e economicamente e reagir contra os estados opressivos.
a prova disso é as actuais dificuldades da china. a abertura dos mercados e a crise económica criaram os primeiros problemas sérios de contestação ao regime. e vão piora-los com o prosseguir da crise.
mais uma vez, vai ser o capitalismo a sovar o "comunismo".
hurray

D. disse...

se a china é um comunismo, então eu devo ser um cão.

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

sim, a conversa de que o comunismo nunca existiu, porque se tivesse existido ia ser tudo muito bonito, é verdade.
daí eu ter posto comunismo entre aspas.

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