quarta-feira, 5 de agosto de 2009

S. Miguel - Açores

Não ía com expectivas, nem planos, que tão perto estão das desilusões e dos preconceitos. Aliás a experiência tem-me mostrado que não adianta partir para férias com muitas ideias, já que a realização de duas ou três se mostra em regra suficiente para preencher o tempo disponível. Assim:


1- Baleias e golfinhos (check - roubam-nos 47 euros e ainda lhes ficamos a agradecer)
2- Verde e azul a perder de vista (check - é uma terra lindíssima)
3- Conduzir por uma estrada sinuosa morro a cima e morro a baixo (check =P)
4- Tirar muitas fotos com a minha máquina nova (check - a D80 e a sua amiga 18-70 não desiludiram)

Apercebi-me da importância das viagens para a aquisição de novos pontos de vista. Muitas vezes nem precisamos de falar com ninguém, basta termos a oportunidade de nos pormos nos pés dos outros. Já pensaram que para muitos dos nossos colegas tirar um curso superior implica estar afastado 1500km da sua família e dos seus amigos? Que a participação em qualquer reunião a nível regional pode implicar horas de viagem de avião ou de barco, para não que a ida a uma reunião em Lisboa, ou no Porto implica custos elevados e uma partida com meio dia de antecedência.

Claro que a insularidade tem vindo a ser compensada de várias formas. Ter uma auto-estrada entre Ponta Delgada (40 mil habitantes) e a Ribeira Grande (30 mil habitantes) até se justifica apesar da curta distância que separa as duas localidades, mas ter uma escola básica com 40 alunos e 15 funcionários, na ilha do Corvo, é um luxo dispendioso.
Até certo ponto nós não temos culpa de eles optarem por viver longe de nós, mas a coesão nacional tem de implicar certos sacrifícios. Nascer numa ilha, ou numa aldeia isolada, não foi certamente uma opção nossa e viver no sítio onde nascemos, sendo uma opção e implicando desvantagens que cada um deverá assumir por si, deve constituir isso mesmo: uma opção. Aquilo que somos depende demasiado da nossa situação geográfica para essa escolha ser inteiramente livre, pois se "o espaço é a forma do tempo" ele é um prolongamento da nossa existência, da nossa memória, de nós mesmos.

Sem exageros, sem exigir um hospital e uma universidade para cada aldeia, devemos ser sensíveis às necessidades das nossos concidadãos no interior, nas ilhas e mesmo nos espaços esquecidos das cidades. Assim o exige sermos homens e mulheres dignos desse nome, ligados mais uns aos outros pela nossa condição humana, que por bairrismos mais ou menos alargados.


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