Há muita gente muito agressiva em todo o lado: nas escolas, nos locais de trabalho, nas famílias ... Basta olharmos à nossa volta percebermos porquê: porque funciona. Por que é uma forma relativamente eficiente de conseguirmos o que queremos. É assim para os animais, é assim para os humanos.
Acho que no entanto temos percorrido um longo caminho no que diz respeito à aceitação da violência como forma de resolução de conflitos.
Hoje a vingança não é entendida como um dever, nem mesmo como um direito e é publicamente censurada. Nas próprias escolas, a tolerância de professores e funcionários no que diz respeito a violência entre alunos é hoje muito, muito, menor do que aquela que existia há algumas décadas. O papel da violência na educação dos filhos tem diminuído drasticamente: há algumas décadas o pai usar o cinto no filho era socialmente aceitável, um sinal de força, pulso firme, disciplina capaz de forma homens honrados e com carácter. A pena de morte desapareceu da maioria dos países, bem como penas envolvendo mutilação, castigos físicos ou outros, e nos sítios em que ainda se pode condenar alguém à morte o modo de levar a cabo as sentença é sempre bem menos violento e bem mais indolor. Por muito que persistam alguns fenómenos isolados de violência por motivos de "honra" os duelos não são hoje socialmente aceites (o Parlamento português conheceu algumas disputas verbais que terminaram em duelo). Há cidades italianas que mantêm os registos dos homicídios desde séc. XIII que mostram baixas muito significativas e relativamente constantes. A tortura não é já aceite como forma de extorquir informações ou mesmo como pena, apesar de continuar a ser praticada em alguns países, em algumas circunstâncias. O fenómeno da pilhagem quase desapareceu dos exércitos organizados. Continua a haver várias gangs e máfias, mas poucas dessas organizações podem dizer-se acima da lei.
Temos vindo a melhorar. Continuamos os mesmos, mas a pressão social em torno do fim da violência tem aumentado. O Direito prossegue a sua marcha.
Podemos todos regozijar-nos quanto ao facto de hoje a guerra já não ser aceite como forma de expansão do território ou promoção da economia lenta e segura marcha e, como alguém disse, "é imparável uma verdade em movimento".
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