quinta-feira, 23 de abril de 2009

Revolução

Quem quer que goste da temática da revolução (ou melhor, da teorização da revolução) e, em particular, da "revolução de Outubro" tem agora um pequeno "rebuçado". O seguinte texto de Rui Bebiano:(1),(2)

"A revolução, toda a revolução, é enunciada como ruptura mas propõe um regresso. A mudança que encena aponta desde a fundação para um restabelecimento, para um retorno, a uma ordem essencialmente antiga, primordial e benigna, que se crê ter sido corrompida algures e em algum momento. Mudar, mudar profundamente, mas para reverter. A «revolução» humana que permitiria aceder à cidade ideal, tal como a concebeu Platão, requeria um esforço de recuperação de uma ordenação primordial perdida: era uma métabolê, uma alteração radical, mas também um ponto de viragem que antecedia uma regressão. Nesta direcção, François Châtelet entende que «por paradoxal que pareça a afirmação, Santo Agostinho, Bossuet, Rousseau ou Engels são platónicos», uma vez que neles a superação radical da ordem do mundo visa sempre - entre a descoberta da Cidade de Deus e o triunfo final do comunismo - a recuperação de um passado perdido, a restituição de uma ordem utópica e edénica aniquilada por um declínio que remonta a tempos ancestrais, pontuadas ambas pela intervenção do pecado, pela ruptura do estado de natureza ou pela divisão social do trabalho." O texto é maior. O resto, aqui.
(1) Para quem aprecie títulos académicos, estamos perante um doutorado, portanto, um Doutor, com uma "uma tese no campo da história das ideias - A Pena de Marte. Discurso da guerra em Portugal e na Europa entre os séculos XVI e XVIII - que ganhou no ano seguinte o Prémio de Defesa Nacional"(fonte). É professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
(2) Em tom coloquial, porque assim tem de ser, é "mesmo fixe ter o texto à pala".

4 comentários:

Hugo Volz Oliveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hugo Volz Oliveira disse...

É engraçado o texto mas não consigo abrir o link. E é engraçado até pela própria palavra, que noutros contextos significa o completar de um ciclo, de uma rotação que entretanto já começou e caminha para o seu lugar inicial. E algo claramente utópico para além das 3 dimensões.

TR disse...

Não sabia isso, hugo. Realmente é um sentido muito engraçado :)

Ary disse...

Nunca tinha pensado em algumas destas coisas mas concordo tanto que podiam ter sido pensadas por mim.

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