spaceship wizardry
Há 2 dias
Há já alguns anos que, de uma forma ou de outra, tenho com o Tiago uma discussão sobre as revoluções. Quando a MJ disse, em comentário ao último post, que não achava que eram precisas revoluções senti-me triste, porque acho que cada vez mais elas são desprezadas num mundo que tanto precisa delas. Eu acho que o mundo precisa de mais revoluções. Não precisam de rolar cabeças, nem de correr sangue e às vezes nem precisam de sair nos jornais. Nem sempre basta que as pessoas saiam à rua de laranja (ou de branco, ou de azul, ou de amarelo às bolinhas). Não basta barricar umas ruas e colar uns cartazes. Basta que se diga basta. Mas bem alto e com força. Com aquela força quem têm os que durante muito tempo foram fracos. E nem é preciso gritar. Às vezes basta um livro, uma folha, uma página corajosa avidamente lida de olhos abertos.Há quem diga que morreram os heróis. Eu espero que não. Recuso-me a acreditar. Até porque toda a gente sabe que os heróis, a morrer, só morrem no fim do livro quando todos os vilões foram embora. Eles devem andar por aí, escondidos. Como o Rei Artur que voltará quando sentir o reino em perigo.Pode ser infantil, mas não é egoísta. Pode ser insensato, mais não é cruel. Acho que a humanidade precisa de heróis e o mundo de revoluções. E daí nasceu este texto. "Um dia vamos mudar o mundo. Hoje é o dia."Eu gosto de revoluções. Gosto do idealismo e da simplicidade revolucionárias. Gosto da falta de compromissos. Gosto da ideia de que podemos mudar o mundo todo de uma vez, de que amanhã o Sol brilhará com mais força. Gosto de grande tiradas em vozes roucas com suor, daquelas que são gravadas em pedra e fazem arrepiar. Gosto de discursos que fazem crescer lágrimas nos olhos e qualquer coisa grande, gigante, enorme no peito, quando se torna dificil respirar e temos vontade de gritar alto. Gosto de multidões até perder de vista, de pessoas a sair à rua, com perigo para as suas vidas, só porque tem de ser. Gosto de músicas com pratos e tambores, que falam de coisas maiores que a vida. Gosto de avôs que dizem "eu estive lá" e contam coisas que não vêm nos livros de História. Gosto de cartazes nas paredes pintadas de fresco com murais vermelhos. Gosto de grandes ideias e de pequenos gestos, como os cravos na ponta das armas. Gosto da ousadia, da incerteza, do heroísmo, da coragem e do medo. Gosto de David a vencer Golias, de cargas de cavalaria, dos trezentos de Termópilas, da Invencível Armada, do Napoleão e de Júlio César, da Cleópatra e da Maria Antonieta. Gosto da queda do muro de Berlim e do Homem a pisar a lua. Gosto de fronteiras que são quebradas, de mares que são rasgados, de nuvens que se deixam atravessar. Gosto da maçã do Newton e da morte de Sócrates. Gosto de Leonardo e de Stalin, de Rafael e de Lenine, de Fidel e de Picasso. Gosto de Malcom X e de Luther King. Gosto da grande marcha e da de um milhão de homens. Gosto da Bíblia e do livro vermelho, do Príncipe, do Mein Kampf e das declarações de direitos. Gosto das bandeiras, das tochas, das armas, dos hinos, do "sangue, da espuma e [dos] cânticos nos lábios". Gosto das pegadas em areia virgem, dos aplausos, dos assobios. Gosto dos pulos da História, e de vê-la a correr diante dos nossos olhos, à nossa beira, ao nosso lado, dentro de nós. Gosto de sentir que vivemos no melhor dos tempos e no pior dos tempos. Gosto de sentir que algo importa, que algo fica e que as coisas mudam. Angustia-me a morte, o esquecimento, o vazio, o frio, o nada. Quero tudo! Quero dizer que valeu a pena, que estive lá, que vi fazer e fiz; que o mundo ficou diferente e afinal alguma coisa importa. Eu sou assim: gosto de revoluções, de palavras, de abraços e de sumo de limão.
22 comentários:
achei piada a esse "senti-me triste" quase que vi um beicinho.
creio que partilho da opinão da MJ, não gosto muito de revoluções.
são sujas, desarrumadas, cheias de gente suada e há sempre um tipo com uma bandeira vermelha na mão a fazer gestos ofensivos para homens de religião. no final, até costumam temrinar em grandes pagodes e orgias, ou em violações em massa. dependendo do carácter das revoluções.
quanto ao gostar de davides e golias,e por aí fora...
bem, eu acho que portugal tem uma eistência repleta de david e golias, daí talvez a nossa tradição messiânica. fomos sempre os judeus da historia, e o pessoa furioso e bem armado que entrava pelas fronteiras a dentro os farieus sobre-confiantes.
quanto aos 300, foi um bom filme, já conhecia a banda desenhada, mas ninguém me tira a ideia de que houve uma diabolização dos persas, que não eram assim. Xerxes era um tipo agradável, ao que parece. essas revoluçõs custam muito sangue, muitas vidas ceifadas. eu gosto da mudança ao estilo romano. mudam-se lentamente, conforme as necessidades, prevalecendo uns institutos juridicos antigos só para o caso de haver confusões.
quanto a napoleão... eu só tenho pena que ninguém fale do wellington. esse sim um herói. estava ele descansado em casa, a beber o chá das 5, como um bom gentlemen, e entra de rompante o ministro do Reino em casa, causando um enorme estrondo e sujando carpete de english tea, dizendo que alguém tinha de combater o napoleão. e ele foi.
daí eu ter uma faceta muito reacionária, penso...
já agora, isto é um think tank?
Manuel,
1. uma vez mais ninguém percebeu o que quis dizer com revoluções. Pensei que a primeira parte do texto fosse suficiente para destruir algumas pré-compreensões sobre a palavra revolução.
2. Sim, houve uma diabolização dos persas. Mas pior, o filme é uma americanada em que só falta os marcianos falarem inglês, como se no berço tivessem dito "daddy".
3. Quanto à mudança ao estilo romano: ela teve algumas revoluções pelo meio e bastante mais sangue que a maior parte das revoluções de que me lembro.
4. Faltava ao Wellington um sentido histórico, um sentido do sublime, uma vocação para se coroar a si mesmo, uma vontade de escrever a história. É por isso que tu gostas dele e é por isso que eu não gosto assim tanto.
3.
Ah, e sim, isto é mais ou menos um think tank.
Viva.
Passado tanto tempo fora deste meio, é absolutamente irritante lêr as palermices pseudo bem-humoradas que o Manel para aqui cospe.
E de resto, Manel, essas férias?
Ary,
Partilho com um sorriso essa visão das revoluções. Que, de facto, muitos teimam em não (querer) perceber. Discuto muitas vezes sobre isto com o Henrique. E acho que também já o fiz com a Daniela. Revolucionar numa segunda-feira de manhã na FDUP é entrar no bar e cumprimentar com um sorriso o Sr. Nelson e as meninas, perguntar-lhes como foi o fim de semana e "o que se tem passado" nessa manhã. A minha primeira arma revolucionária do dia a dia é a simpatia e a cordialidade. Franca. Ou pelo menos eu tento que o seja. Lembras-te quando falei do Senhor do café do people? Quando ele me falou sobre o teu prof de penal? Revolucionar é, entre outras coisas, supreender.
Francisco,
um dia vamos revolucionar isto tudo e o mais giro vai ser que "eles" não vão dar por ela.
Abraços subversivos,
depois dos comentários, fiquei sem saber que conceito de revolução está em jogo. assim, comento à defensiva. Se ser revolucionário é ser inconformado, é surpreender, é querer mudar as coisas, força! também o sou!
Se ser revolucionário agir indiferente às consequências, é apelar a uma qualquer ideia legitimadora que em verdade não se segue´; bem, aí tou na primeira linha dos opositores.
há momentos em que é bom ser diónisos. Mas nunca a embriaguez, o prazer, a desmesura revolucionária deve impor um sacrificio a uma comunidade. Não que tenha alguma coisa contra o livro vermelho ou o mein kampf. Tenho contra os rumos e caminhos que abriram, o uso que dos mesmos foi feito; o tal discurso, a tal acção, indiferente Às consequencias.
É o que tenho dito desde há muito. Com muito prazer - sempre com muito prazer - a discutir.
claro que o manel não poderia gostar de revoluções. é tão óbvio, mas tão óbvio. eu neste momento precisava de uma revolução na minha vida. posso juntar-me a vocês? xD
Tens razão Tiago, acho que se calhar estamos a usar um conceito de revolução demasiado lato.
Creio que o revolucionário não é nem totalmente alheio às consequências, nem é obsecado por estas.
O revolucionário manda as consequências dar uma volta quando tem de ser. Faz o que deve mas não pode. "Mete a pata". Diz "basta!".
Tem a coragem de dizer que "está ali pela vontade do povo e só sairá pela força das baionetas", para citar uma frase revolucionária de uma revolução de que tu não gostas.
Esta pérola vem do Bernard Shaw: "The reasonable man adapts himself to the world; the unreasonable one persists in trying to adapt the world to himself. Therefore all progress depends on the unreasonable man."
Há sempre algo de "desrazoável" nas revoluções, há sempre algum desprezo pelas consequências. Mas há quando se faz o que se deve e não o que se pode há boas hipóteses de termos de atropelar umas quantas consequências...
que bom que me achas irritante francisco :) de certa forma é a minha revolução, irritar-te como se fosses uma senhora a entrar na menopausa encarregada de lidar com uma criança de 5 anos.
mas sim, se vocês tomam esse conceito para revoluções, eu adiro sim. até porque penso assim, ainda que me saia naturalmente e despercebidamente.
gostava no entanto muito mais que algo como a sociedade de debates ou qualquer iniciativa de estudantes, mesmo o facto de cumprimentar o senhor nelson, coisa que eu faço mecanicamente a esta altura do campeonato, saiam não de uma revolução mas sim de um sentido de continuidade.
e sim, muito obrigado, as férias estão a ser boas =)
Manuel,
googla "kindness revolution". Vais ficar surpreendido.
O teu amigo Ron Paul está sempre a dizer que é um revolucionário e que é preciso outra revolução.
llloooooll
opa, nesse caso eu sou um kind revolutionary, sem dúvida.
sim, o ronny fala de uma revolução... mas uma revolução por valores há muito perdidos...
Eu estava a brincar com as cenas da kindness revolution. Quanto ao Ron Paul ... ya ... menos mal ...
WOw.. Este Duelo Manel Vs the Rest é super interessante.....mmmm
Relativamente às revoluçoes! Corroboro a ideia que pequenos gestos, pequenas ideias fazem revoluçoes. Lembremo-nos das inovaçoes ideologicas do meio do sec 19 do sec 20.. isso causou uma revolução na sociedade. Não foi daquelas revoluções que tem espingardas e torrentes de população na américa do sul a invadir o palacio imperial ou presidencial.
Logo revolução n é so no sentido de revolta armada da população(ainda que essa seja bastante divertida[nao para os do poder obvio])
Finalmente e pegando um bocado no burgues manel e MJ.
"revoluções.
são sujas, desarrumadas, cheias de gente suada e há sempre um tipo com uma bandeira vermelha na mão a fazer gestos ofensivos para homens de religião. no final, até costumam temrinar em grandes pagodes e orgias, ou em violações em massa. dependendo do carácter das revoluções"
Jovem para alem do k disse antes... As revoluções sao necessárias.. normalmente n gosta das revoluções quem n quer mudar devido ao poder k quer manter. só isso seja este poder real ou poder sobre a consciencia ou ideias etc...
Dou o exemplo das igrejas em geral... nunca querem mudança pois isso significa perder poder...
Quanto ao Napoleao... eu tenho a dizer k o unico erro dele foi invadir a Russia! Para mim sempre será um exemplo a seguir de um génio militar e de um Self made Man. E a verdade é k foi um bocado à conta dele que os ideais revolucionarios franceses se difundiram... e so por isso e tb pela influencia no dto k ele teve ja merece mt consideraçao
Mais... se estudares Waterloo compreendes que Napoleao n perdeu a batalha por sua causa mas por causa do marshal NEY... um cromo que fez uma carga de cavalaria contra quadrados(tatica criada por napoleao e usada por wellington)
"revoluções.
são sujas, desarrumadas, cheias de gente suada e há sempre um tipo com uma bandeira vermelha na mão a fazer gestos ofensivos para homens de religião. no final, até costumam temrinar em grandes pagodes e orgias, ou em violações em massa. dependendo do carácter das revoluções"
Deixo frequentemente o meu quarto chegar a um estado de desarrumação preocupante. E o processo de arrumação torna-se deveras complicado. A cama enche-se de apontamentos de Direitos Fundamentais, a secretária de peças de roupa, o computador portátil serve de suporte de copo, o cabide cai com o peso dos casacos que desde o Inverno não voltaram ao armário. O quarto fica virado de pernas para o ar; a "arrumação" é "desarrumada" enquanto não se consuma. A minha mãe pragueja, com razão, contra o meu desleixo e faz-me promoter que não voltarei a deixar a situação chegar a este ponto. Mas no final... a revolução desarrumada opera-se e o meu quarto torna-se um lugar muito aprazível. Suficientemente aprazível, pelo menos, que defeitos ele não deixará ter. Precisará apenas de meros retoques pontuais. E eu, satisfeito comigo mesmo (e com a minha mãe bem mais contente), vou tomar um banho que tanta trabalheira deixou-me a suar. Mas feliz.
Recordo outros tempos em que tudo foi bem pior. Não estava para revoluções. São dessarrumadas. Sujas. E no final acabaria por praguejar com algum ateu... E apostei na continuidade. Em vez de despejar o cesto dos papéis no ecoponto, comprimi as folhas mais para baixo. Decidi esconder o cotão que se concentrava nos cantos do quarto debaixo do tapete. Em vez de fazer a cama, puxei somente o edredon para cima, escondendo os lençóis amarrotados. E o quarto parecia imaculado. Assim mantive as aparências por uns tempos. Mas o vento forte, entrando pela janela aberta, não deixou de espalhar os papéis do cesto pelo quarto e a minha mãe não deixou de descobrir a artimanha que usara para fazer a cama.
Parecem-me claramente preferíveis as revoluções às simples manobras de continuidade que conduzem a uma falsa aparência de ordem e harmonia, pelo menos quando a conjuntura é de tal ordem que simples retoques se revelam insuficientes. O meu quarto às vezes é muito desarrumado e quando me decido a arrumá-lo acabo geralmente por sair de lá a suar. Cada vez que o faço, estou a liderar uma revolução, embora nunca acabe a minha empresa a fazer gestos ofensivos a homens de religião, com bandeiras vermelhas. Até porque prezo bastante o senhor padre lá da paróquia. E sou portista.
Depois de muito ler e ler, lá me decidi a comentar. Não o fiz antes porque, quase como sempre, as sábias palavras so tiago vão de encontro ao que quero dizer, e deixa de ser necessário dizê-lo.
Duarte - não percebi o "Finalmente e pegando um bocado no burgues manel e MJ". Não me considero "burguesa" (quanto muito esquerda sushi, o que é radicalmente diferente), e muito raramente corroboro as palavras do Manel. Portanto, não tendo eu assinado por baixo dos disparates que ele, como sempre, vai dizendo, não percebi o alcance da menção à minha pessoa. Ou então tu também não terás percebido o meu comentário ao anterior post.
Ary - também não percebeste o sentido do meu comentário, lamento. Preferiste optar por um conceito latíssimo e um pouco divergente do de uso comum.
(Por curiosidade, segundo o Dicionário da Sociedade de Língua Portuguesa - "Revolução: Alteração na constituição de um estado ou na opinião pública de país; modificação das suas instituições; alteração ou mudança violenta na política de um país; perturbação moral, dos povos, da humanidade em geral; transformação anormal e profunda.")
Não quero com isto dizer que não és livre de criar doutrina ou fugir das noções pré-estabelecidas. Ao contrário do que já me apontaram, não simpatizo assim tanto com o positivismo ;)
Mas a pergunta era sobre o que quereríamos num novo Abril de 74, e com a minha resposta não quis dizer que vejo Abril totalmente cumprido. Pelo contrário. Só não via o que falta alcançar a cumprir-se por meio de uma "revolução". Usei foi a minha pré-compreensão do conceito de revolução, que não foi claramente a tua. Portanto deixa de te sentir triste, quando nao estávamos a usar a mesma linguagem. Obviamente que depois percebi o que querias dizer, no teu belíssimo texto, e aí também sou, serei sempre, uma "revolucionária". Acho que tu és a última pessoa que me pode apontar o dedo e dizer que não passo a vida a pensar em como mudar o status quo, mas adiante.
Rúben - Li com imenso prazer o que escreveste, fabuloso :)
Um beijinho a todos e boas férias
Ruben Fábio remata certeiro de meia distância para golo fantástico ao segundo poste.
E sem suar a camisola...
Ferreira Ribeiro ganha de KO sobre os adversários...
osto muito que o duarte me considere burguês.
sinceramente não sei muito bem o que quer dizer burguês no século XXI.
estou ciente do contexto da palavra no século XIX, e em comparação com a de hoje... não será sinónimo e classe media?
em relação ao conselho:
jovem,
eu sei muito bem o que é uma revolução. sinceramente não me agrada a ideia de pessoas armadas na rua, pelo menos não sem serem autoridades.
e acho que o ary não se referia a essas revoluções.
portugal teve um século de revoluções políticas que trouxeram caos e destruição. desse caos, apenas uma elite intelectul beneficiou, enquanto o resto do povão se adaptava à nova ordem vigente, sempre da forma mais dificil.
não sou um adepto de um novo 25 de abril. não, se trouxesse um novo PREC, uma nova reforma agrária, umas novas FP-25 de Abril, se trouxesse ocupações de casas e propriedades privadas, se trouxesse a discriminação e vergonha para os retornados.
gritar por uma revolução é facil. o que vem a seguir é que leva tomates, e isso toda a gente se balda.
eu sou a favor de uma revolução humanista, que se encarregue não de uma pluralidade, que não viva da reacção popular e da convulsão social, mas uma que afecte qualquer um individualmente, na sua casa, na sua familia, no seu trabalho, na sua faculdade. uma revoluçõ feita de exemplos, não de ordens.
uma revolução não por uma sociedade mais perfeita, mas por homens mais livres e conscientes de si.
por isso eu digo que as revoluções são demasiado sujas, e duram o tempo que tiverem de durar. as maiores revoluções fizeram-se de homem a homem. essas devem ser as mais subtis.
quanto a napoleão, mercenário, não percebo muito o que há a admirar. sinceramente, gosto mil vezes mais de wellington. nem pensar em aturar imperadores, quanto mais baixotes e com dores de estômago.
MJ,
não creio que o conceito do dicionário vá contra o que eu disse. Bem pelo contrário. Mostra que há revoluções e revoluções. Revoluções artísticas, culturais, sociais, nas mentalidades, e mesmo revoluções políticas que não são violentas. E retomo o debate sobre a violência: foi unânime que a violência às vezes era solução.
Kennedy dizia que aqueles que fecham as portas à revolução pacífica abrem as portas, ao mesmo tempo, à revolução violenta. E é isso que eu quero evitar. Alguém duvida que se o mundo ocidental continuar a criar a sua fortaleza, o seu "el dorado" indiferentes ao caos em que cairam alguns países a coisa não vai ficar feia?
Alguém duvida que se a China se mantiver assim por muito mais anos, recusando mudanças políticas contra uma vontade generalizada de mudança, que ainda não existe, a coisa um dia estoira?
As revoluções podem ser pacíficas e podem ser violentas. E só são violentas quando se adiou por muito a solução pacífica.
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