sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Jogos Olímpicos

Mais uma vez, em tempo de JO, escrevo sobre os mesmos. Há quem os veja como uma panaceia das virtudes humanas. Seriam a afirmação dos direitos humanos acima do jogo das nações polidas e civilizadas. E, assim, seria uma vergonha a China acolhê-los, estar-se-ia a dar uma forte machadada nesse belo ideal de há tanto, tanto tempo. Depois, no final dos jogos, cantam os avanços verificados e tapam os olhos a tudo aquilo que se manteve igual. O que releva, o que acima de tudo releva, é manter incólume essa ideia de olimpismo.

Não se peça aos JO aquilo que eles não são. Parece-me que acima de tudo são uma celebração do desporto. E o desporto, esse sim, é que glorifica o homem, é que premeia o esforço. Tem gestos de bondade e gestos de depravação. Tem momentos de emoção e momentos atrozes. Permite que uma russa e uma georgiana se abracem em pleno pódio) que atletas furem boicotes dos seus países para competirem que (a meu ver o melhor exemplo) um atleta alemão em berlim 36 indique a um saltador americano negro que faça a chamada do salto em comprimento uma pegada à frente. E, como o resultado, perca o concurso, quando na altura da dita indicação liderava (acabou por morrer na II GM, na frente russa).

Os JO são um competição desportiva. E como competição desportiva laudam o trabalho de equipa (até o atleta individual tem uma vasta equipa por trás), a igualdade (não vitórias à partida), a superação individual. Mas também são um jogo de força entre as nações (que nos JO não há estados mas nações), uma ávida e sôfrega luta por medalhas.

São, afinal, um reflexo da natureza humana.

Podemos fazer dos jogos o que eles não são e recusar, se ainda fosse possível, que a China os recebesse. Depois reescreveriamos a história e faríamos com que Berlim e Moscovo nunca os tivessem recebido. Depois ainda afastaríamos atletas de mau génio, brutos, violentos, selvagens, bandidos. Por fim os mal educados.

E com isto se perderia o verdadeiro sentido do evento: O tributo ao desporto e ao homem - multímodo, complexo e, redundantemente, humano.

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