sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Mar

Ontem, vasculhando um antigo bloco, (re)descobri um breve poema com que havia deparado numa viagem de metro.

(original em galês, tradução de Ana Maria Chaves. De Menna Elfyn)


O primeiro encontro com o mar
É o que mais se aproxima
Da descoberta de uma maravilha.

Corremos felizes para as suas gargalhadas
Até à extensa orla dos seus contos
Truísmos que as línguas proclamam.

Compreendemos afinal que por mais
Barcos que naufraguem em seus escolhos
Os mares não deixam de ser belos. –

Esse primeiro encontro com o mar –
O que mais se aproxima
Da descoberta de uma maravilha.

É não apenas no primeiro mas também nos sucessivos encontros com esse azul instável, em praias com mais areia do que guarda-sóis, pára-ventos, geleiras, tendas, bandeiras e bandeirinhas, bolas coloridas ou gastas pelos ares, que o mar volta a ser uma eterna descoberta de uma maravilha. E aí, quase como Rosseau, e de tão bom o sentimento, ficamos perto de acreditar que somos bons selvagens.

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