quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Educação e violência

Depois de termos aflorado a questão em Direito Penal, assisti recentemente a uma conversa entre algumas pessoas desta Sociedade sobre o papel da violência na educação dos filhos pelos pais.

Educar alguém é uma coisa tão complicada como é o fenómeno de aprender. Exige paciência e insistência, saber ceder e saber exigir, levar as pessoas aos seus limites, testá-las, dar-lhes docinhos e tirar-lhos, implica o desenvolvimento de sentido crítico, de confiança em nós e nos outros, de auto-domínio, de autonomia, de capacidade para expor ideias, espírito de sacrifício, et caetera; mas traz uma enorme satisfação quando damos por cumprida uma tarefa que nunca o está por natureza.
Curiosamente não precisaria de mudar muito o texto para o mesmo ser verdade relativamente a aprender.

A questão é complexa e creio que uma resposta útil terá de tomar obrigatoriamente um lado, embora possa introduzir nuances. 

O ser humano reage a estímulos, a incentivos. Como tal só vai dispender recursos numa tarefa como aprender se tiver estímulos. Como todos sabem, há dois tipos essenciais de estímulos, os positivos (a cenoura, os lucros, os doces, os beijinhos ...) e os negativos (o chicote, os prejuízos, a pimenta na língua, os estalos ...). Ora educar pede geralmente ambos os tipos de incentivo, pois que é tão importante aprender o que se deve fazer como o que não se deve fazer.

Eu tenho muitas dúvidas, mas gostava de ler algumas opiniões.
Dar um sermão pode magoar mais que um puxão de orelhas?
A violência gera violência? Poderá o ciclo ser parado, ou pelo menos evitado o efeito bola de neve?
O que deve ser proibido? O que provoca dor? O que pode traumatizar? O que deixa lesões psicológicas? O que deixa lesões físicas?

Esta casa acredita que a violência pode ser usada na educação dos filhos?

3 comentários:

Luís Paulo (Estudante de Direito) disse...

Sobre esta matéria, que me é tão cara, muito gostaria de dizer. No entanto não o vou fazer hoje, aqui, pela razão simples de que tenho um texto preparado para publicação no meu Blogue (Eclectíssimo) mas que, por integrar extensos textos de autor, aguarda autorização da Editora (Universidade Católica Editora) desde Julho.

Trata-se da obra "Ética e Educação" do saudoso Professor Pedro D’Orey da Cunha e recomendo que leiam, sobre este assunto, o primeiro título do capítulo II “A Relação Pedagógica”, páginas 53 a 68.

Esta obra está esgotada mas encontra-se em algumas bibliotecas.

Quanto ao meu texto, logo que o tenha publicado dar-vos-ei conta.

Este é, sem dúvida alguma, um tema forte, transversal a toda a sociedade e merecedor de ser analisado com rigor pela comunidade científica e intelectual.

Parabéns, Pedro, por lançares este debate.
Luís

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

a minha sorte é que, se ocorrer no desastre de ter um filho um dia destes, a primeira coisa que vou fazer é entregá-lo a uma ama de leite mexicana que viva pelo menos a 20km de minha casa.
quando o puto fizer 30 anos, quando houver certezas de se poder manter com ele uma conversa saudável, vou lá buscá-lo.
esta casa devia era de defender a importação de Consuelos.

Francisco disse...

esta casa defende que se pode dispensar a mal-dicência grosseira para com sul-americanos, nomeadamente mexicanos.

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