domingo, 7 de setembro de 2008

sobre a loucura que se ouve do outro lado

O Mundo, mais até do que os EUA, está agora a acompanhar com a máxima atenção a corrida vice-presidencial americana. A escolha de Obama foi, obviamente, discreta e passou quase despercebida, o que se entende, não iam os Democratas expor-se ao perigo de ter uma pessoa carismática que fosse ofuscar um pouco que fosse a luz do prestígio de Obama.
A escolha de McCain pareceu-me uma necessidade, um novo sopro para a campanha republicana, no esforço de contrapor os pesos da balança. Não penso que tenha sido uma escolha mal-feita, não no sentido de ter sido feita apenas com valor mediático em conta. Até pelo contrário, ao que parece Palin é uma mulher eficiente que tem feito algum bem no Alasca (e não Alaska, ouve aportuguesamento da palavra). Tenho pena que a carreira de Palin esteja, a meu ver, arruinada daqui para a frente. De facto, por muito que se pense que ela está na corrida a um dos maiores postos de Poder da Humanidade, o que lhe espera no futuro, ganhe ou não, é uma vida de submissão aos valores do Partido para sobreviver, visto que esta catapulta cedida por McCain levou-a directamente para o jogo dos Big Dogs, e aqui não há os privilégios e as liberdades da "pequena política".
Mesmo assim, insiste-se em fazer um espectáculo à volta de Sarah Palin. Procura-se saber quais são as competências dela, discutem-se as competências da senhora como nunca se discutiu as de Obama (que me parecem inferiores) e já se faz da corrida McCain-Obama uma corrida Obama-Palin. O que me parece, de facto, um grande espectáculo de deplorável mesquinhez. A comunidade blogueira em Portugal tem sido pródiga nesta discussão, sendo que entre os poucos locais que se mantiveram "limpos", a meu ver, desta discussão suja, foi o Sociedade de Debates, que eu faço parte enquanto autor e muitas vezes orador.
Também não vou ser eu a borrar a pintura. A situação deve ser exposta em poucas palavras. É Palin indicada para a vice-presidência? Claro. Até porque as funções do vice-presidente, no constitucionalismo americano, não estão assim tão claramente expostas como todos têm vindo a pensar. As responsabilidades do vice estão ligadas ao Senado, que no entanto tem passado muito bem, em pelo menos 18 ocasiões, sem vice-presidente. Quer me parecer que os americanos estão a discutir a quem querem pagar vários milhares de dólares por ano para fazer algo não muito bem definido e que só terá algum tipo de utilidade caso Obama ou McCain morram.
Não tivesse a política americana evoluído para um espectáculo milionário de democracia, e Democratas e Republicanos poderiam concluir que seria mais económico e mais inteligente não incluir um vice-presidente de todo.

Também publicado n'O Terceiro Anónimo

Sem comentários:

Enviar um comentário