por Paulo Cassaca, na Câmara de Comuns
A mensagem de Fukuyama é, como sempre, clara, simples e directa e, na minha opinião imprescindível no actual momento político: é preciso fazer a distinção do autoritarismo não ideológico em relação às ideologias do autoritarismo (resumo da minha responsabilidade).
O nacionalismo russo, da mesma maneira que o chinês e que a demagogia de Chávez, por pouco recomendáveis que sejam e por mais problemas que nos tragam, não são [ou não são por agora, na minha opinião] construções ideológicas passíveis de se erguer em oposição aos valores da democracia liberal, "o único verdadeiro rival da democracia no campo das ideias, actualmente, é o islamismo radical. De facto, uma das mais perigosas nações-Estado do mundo hoje em dia é o Irão, controlado por mullahs xiitas extremistas" (Fukuyama, op. cit.).
Se mudarmos "uma das mais" por "a mais" temos o que eu tenho andado a dizer há vários anos e exactamente pelas mesmas razões que nos são agora apresentadas por Fukuyama.Se Fukuyama quiser continuar a sua linha de raciocínio, talvez venha a entender melhor a razão de ser da falência do neo-conservantismo e do desastre político que a precipitou (a operação iraquiana), que é precisamente o de confundir um ditador em fim de linha com o único desafio consistente e real aos valores civilizacionais modernos.Por enquanto, a mensagem de Fukuyama parece-me essencial: o Ocidente, e muito em particular o Estado-Maior americano, estão outra vez a errar completamente a pontaria ao disparar para Moscovo, e se continuarem por este caminho, vão conduzir-nos a desastres semelhantes aos que nos levaram quando resolveram fazer explodir Bagdade.
Tenho pelas democracias o respeito crítico que foi celebrizado por Churchill, e entre as virtudes que não lhe reconheço é a da imunidade à miopia e insensatez.
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