"A natureza do assunto da discórdia determina o tipo de estratégia a adoptar:
Numa discussão filosófica ganha aquele que se exprimir com terminologia mais apropriada. O vocabulário técnico compensa a eventual ausência de lógica, os conceitos formam o arco do raciocínio.
Em política, a convicção e a aparência de sinceridade valem todos os argumentos: perde quem baixar primeiro os olhos.
Os debates históricos requerem o redobro de referências que ninguém tenha tempo de controlar. Por conseguinte, é preciso ser impreciso com rigor.
Se disute a propósito de estética, seja pós-nihilista e considere medíocres as pessoas que preferem Duchamp a Meissonier (em estética, não existem paradoxos indefensáveis, mas tão-somente paradoxos mal defendidos).
Nas discussões em sociedade, pode dizer seja o que for, desde que fale durante mais tempo que o adversário: à semelhança das quezílias domésticas, é a resistência que conta."
George Picard, Pequeno tratado para uso daqueles que querem ter sempre razão, Lisboa, Editora Livros do Brasil, 2000
2 comentários:
Está excelente:)
fez-se luz na minha vida! que lição :)
Enviar um comentário