"A reforma do código penal foi debatissíma. Foi elaborada, estudado, testado e discutido por "especialistas" durante anos. Tudo isto com processo de consulta pública.
Até setembro de 2007, a nova reforma prometia acabar com o alegado “drama da prisão preventiva” . Portugal era tido como um dos países do mundo que mais usava e abusava desta medida de coacção. Reduzir os prazos da prisão preventiva tinha como um dos principais objectivos políticos obrigar o sistema judicial a trabalhar. Trabalhar significaria processos mais rápidos e impedir que a prisão preventiva fosse utilizada como desculpa para preguiça do monstro.
Partíamos todos do aplaudido princípio que é, a todos os títulos, inqualificável que uma cidadã ou cidadão possam estar detidos durante anos sem culpa provada. Tal como é inqualificável para as vítimas que os crimes passem anos sem culpado provada.
Pouco tempo depois, e com o país aterrado com a libertação de presos preventivos e com a vaga de crimes, voltamos a reclamar o aumento dos prazos da prisão preventiva. Dificilmente não vamos fazer uma reforma à reforma do código penal. Porque é assim mesmo que as coisas funcionam. É mais confortável mudar a lei que responsabilizar ou chatear alguém.
Não conheço o novo código penal ao detalhe. Também não sou um especialista. Nem sei dizer que o novo código é uma melhoria em relação ao antigo. Sei é que um país assim não se governa. E aposto que esta nova reforma da reforma, mais cedo ou mais tarde, vai precisar de uma reforma. Aposto."
Rodrigo Moita de Deus no 31 da Armada
Love Will Stone You
Há 20 horas
3 comentários:
penso que a minha letra ficou com uma cor esquisita... porquê?
nao sei. mas é melhor editar e mudar a cor.
Quanto ao texto, acho que poucos de nós estão aventados para falar do onteúdo da reforma (talvez mesmo nenhum).
O que parece grave - e qualquer um pode constata-lo - é que, à altura da reforma, não se pediram pareceres a grandes penalistas. Quando assim o é, é normal que as leis se sucedam e coisa e tal em prejuízo da segurança jurídica. É sempre bom exemplo recordar quem elaborou o Código Civil e quanto tempo demorou a elaboração. Ou o BGB. Ou o Códe Civil de Napoleão. Houve um tempo em que havia tempo.
Manuel,
gostei do texto, aliás já tinha feito a mesma reflexão.
A letra ficou a assim porque fizeste copy paste.
Para a próxima põe o link. É simpático para a pessoa citada.
Também concordo com o Tiago, mas não se pode consultar toda a gente, para isso é que há consultas públicas. E se os especialistas tinham tanto a dizer de certeza que seriam ouvidos.
Estive num debate em que se falou da reforma e fiquei convencido que apesar de diversos incómodos do período de transição, vinha trazer mais coisas boas que más. Mas, lá está, não me acho capaz de uma crítica estruturada.
A ideia de prisão preventiva já por si me faz muita confusão. Não acho que a presunção de inocência deva ser afastada quando não dá jeito, já que a justiça sofre muito mais quando persegue um inocente do que quando deixa escapar um culpado.
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