Ou é de mim, ou este texto, que serve de sinopse a uma peça do Teatro Universitário do Porto, começa bem e acaba num absurdo niilismo completamente desajustado da realidade.
"Uma reprimenda do pai. Uma chamada de atenção da professora ou do patrão. Uma pergunta incómoda. Ainda me amas? Tiveste saudades minhas? Estás sozinho? Inventamos constantemente palavras para esconder o que desejamos realmente dizer. Mantemos escondido um eu que não queremos apresentar a ninguém. Guardamos no armário uma personalidade para cada dia da semana que vestimos para poder sair de casa. Desenvolvemos a arte da invisibilidade: não vermos os outros e não sermos vistos. Recuperados conta-nos as palavras que são caladas antes de serem ditas. Mostra-nos os fantasmas que dormem à porta da nossa casa, homens e mulheres que se suicidam em vida, os invisíveis que viajam connosco nos autocarros, que estão ao nosso lado no balcão de um café e que passam por nós na rua. Mostra-nos que na realidade estamos todos sozinhos. Que atravessamos a vida com os ombros encolhidos.Recuperados é o espaço onde podemos ouvir as palavras que ficam por dizer. Onde vemos as pessoas que não queremos ver e que nunca querem ser vistas. Pessoas feitas de sombras, leves como o ar, transparentes e reais."
spaceship wizardry
Há 1 dia
2 comentários:
Eu gosto do texto e parece-me que percebo o que o seu autor quis dizer com tudo aquilo. Talvez me esteja a sentir muito niilista então.
O texto é muito bonito excepto no momento em que toma a parte pelo todo. Como disse, acho que começa bem e acaba no absurdo, no exagero.
Enviar um comentário