"Ávida de liberalismo, a burguesia não aceita que se toque nos privilégios que lhe tinham sido concedidos pela lei Le Chapelier. Levantam-se murmúrios na Assembleia Nacional, em 14 de Junho de 1791, quando o próprio autor dessa lei, tomado de um temor tardio, faz uma tímida alusão ao sofrimento dos operários: «Sem examinar qual devia ser o salário da jornada de trabalho e confessando somente que ele devia ser um pouco mais razoável do que o é no presente...». Interrompido pelos deputados que clamavam que o Estado não tinha a ver com tais questões, Le Chapelier toma coragem e declara: «O que estou dizendo é uma grande verdade, porque numa nação livre os salários devem ser suficientes, para que aquele que os recebe se liberte daquela dependência que produz a privação das primeiras necessidades e que é quase escravatura»"
Pierre Jaccard, História Social do Trabalho
I Can't Say No
Há 4 dias
2 comentários:
é preciso ver toda a envolvência desta história.
a lei le chapellier proibe, não os sindicatos como se costuma dizer, porque os sindicatos ainda não existiam nessa altura, mas as corporações que vêm desde a Idade Média, que eram elementos da sociedade pré-estaduais (como as comunas de que fala tocqueville)
a proibição destas foi um acto de intervencionismo estatal contra a natural ordem da sociedade, e talvez dê algumas ideias sobre o liberalismo tal como ele foi praticado em França. em países como inglaterra, e até certo ponto portugal, manteve-se fora do controle legislativo e executivo.
além de que só nos finais do século XIX os sindicatos deixavam de ser organizaçoes de trabalhadores especializados para serem a "voz" do proletariado.
mas ao mesmo tempo permitiam-se ordens profissionais, associaçoes de empregadores,...,etc., o que, diga-se, chapellier contestava. Além do mais, a situação do inicio do seculo XIX é toda ela diferente da do final. E mesmo a bela inglaterra era tudo menos um mar d rosas
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