segunda-feira, 8 de junho de 2009

do votar*

Votar é tão essencial, votar e votar! Votar para mudar o mundo! Votar como grito conjunto que nos permite edificar uma nova ordem? Para alcançar em conjunto a Felicidade. Não de forma egoísta, não a nossa, mas pegando na mão de outrem ir a procura Dela! Votar, votar, votar. Votar votando, votar abstendo-me, votar em branco ou até nulo. Desde que se vote, cai-se na ilusão da felicidade conjunta. Que mais há a pedir? Votar, votar, votar! Mudamos o mundo, há quem diga logo de seguida. É verdade, sim, não o nego. Quer seja à esquerda ou à direita, o mundo muda, não é assim? E esta capacidade de mudar é da facto coisa bela, mas porque prendermo-nos a um só ideal, a uma só orientação. Se partimos da premissa da procura da Felicidade conjunta através da política (é esta a forma ideal? questiono-me) porque havemo-nos de reduzir a um lado, porque havemos de completar o raciocínio através de outra premissa egoísta (o nosso lado, como o lado certo para todos os outros). Não é irónico?

Premissa 1: Felicidade conjunta através da mudança política.
Premissa 2: O meu egoísmo na escolha do lado que penso que é certo.

Não nega a segunda premissa a primeira?
Algo não bate certo. Mas, votar, votar, assim votar por votar é tão essencial, não é?

Temo pelo corações dos homens
que desistem,
de si e das coisas do mundo.
Temo pelos corações que não sentem
a divina sensação de procura.
Temo e eis que dou por mim a amar o Homem.*

A única coisa que não nego à política é a procura que lhe está no sangue. Apenas isso, ser uma forma de procura e como tal merece respeito. De qualquer forma, não sei ao certo até que ponto, é a melhor forma de encontrar a Felicidade conjunta. Pois, o mundo, é o meu mundo e no meu mundo as coisas só tem razão enquanto foram queridas por mim, O MUNDO (no seu todo) é algo que não está sobre o nosso domínio, não é cognoscível. Pobres homens que tentam edificar O Mundo como se fosse algo que estivesse a seu cargo, é tao difícil compreender.


Se tudo o Destino absorve,
Se a vida não é mais que criação e recriação,
a resposta acompanha-me e
a realidade das coisas só tem sentido
enquanto elas forem queridas por mim.*

Mais que a mudança política, impõe-se hoje a mudança ética, metanóia da existência (diriam uns). Os deveres morais que propomos aos nossos mundos (e são tantos) que permitam de uma forma nada egoísta exaltar metafísicos valores, não é assim? A política, dizem, tem em si a faculdade de edificar esses valores, mas as grandes mudanças no nosso modo de ser e estar, enfim no nosso modo de viver não provém nunca da influência de um modelo dado por outrem (pela política e pelos homens que a decidem). Cai tudo num relativismo, é certo? Mas, os homens que decidem a realidade política não são eles homens? E se o são, é natural que da sua condição, se exija algo maior que os seus simples ideais, se exija a esses homens, tal como imperativo a mesma mudança no modo de ser que permita à humanidade amar, que permita à humanidade crescer, que permita à humanidade alcançar a Felicidade de uma forma não egoísta.

Votar, votar, votar! Sim, é correcto, não nego. Votar pela felicidade (egoísta). Mas, hoje ainda há quem vote pela Felicidade (não egoísta)?

Eu não votei. Acusem-me de falta de cidadania, de falta de tino para as realidades da política, acusem-me de estar fora da sociedade e dos seus problemas, de não querer mudar a realidade social, de não estar ao pé daqueles que sofrem, de não reflectir sobre a crise. Acusem-me!De qualquer forma, sou homem e propunho a exaltar a minha condição natural, aquilo que me impele a valores mais altos que os valores políticos, todos os dias, me procuro aperfeiçar na minha imperfeição. Haverá alguém que me acuse por este anelo? Por viver de uma forma tão intensa tal aporia (existencial diriam)? Sou assim tão censurável?

Apoio quem vota, essas utópicas pessoas. Apoio a minha posição, essa utópica posição de acreditar que hoje é possível exaltar a condição natural do homem que o permita alcançar aquilo que loucos e excêntricos descreveram como A FELICIDADE.

"A grande qualidade de um revolucionário é só uma: amar a humanidade"

Eis que no Fim de todas as coisas,
a aparição acontece!
Eis que o rosto da Fortuna
se revela a nossos olhos.
De uma beleza sem grau.
Prometida e devida conquista!*

....

Admiro as coisas do mundo
e a solidão, sua essência,
está em mim.*

* (dos meus blocos)

6 comentários:

d'Anconia disse...

aposto que te esqueceste de votar, e agora estás a inventar tudo isto.

desenvolve esse conceito de felicidade egoísta e não-egoísta...

(e não reveles a minha verdadeira identidade)

d'Anconia disse...

aposto que te esqueceste de votar, e agora estás a inventar tudo isto.

desenvolve esse conceito de felicidade egoísta e não-egoísta...

(e não reveles a minha verdadeira identidade)

Anónimo disse...

puro deleite, d'Anconia...
não zombarei ctg nem co a tua "identidade"...
uma diferença de grau não é assim? XD

Ary disse...

Não percebi metade e não concordo com metade da metade que percebi, mas do resto até gostei.

(É mais ou menos assim que me sinto relativamente ao Henrique).

Anónimo disse...

depois falo ctg sobre este tema ary, para perceberes a ideia e o seu significado....

abraço

D. disse...

ninguém vota em busca de felicidade xD foi a única parte que eu percebi... depois achei só que entraste em loucura xD á lá henrique... :)

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