Em tempos defendeu-se a ideia que a discordância consigo próprio é a maior das tragédias.*
Os deuses questionaram o Homem. Porque discorda ele da sua substância, porque se nega e desilude. Epimeteu e Prometeu ofereceram-nos o mais belo coração fruto do fogo sagrado do alto do Olimpo.
Mas, o Homem após ser criado, após ser posto no Mundo, agiu, decidiu por si próprio, deram-lhe a liberdade e a auto-determinação; o resultado foi óbvio nasceu no corpo do Homem a desilusão e o cansaço pelos seus semelhantes e por si. Eis que nasce o misantropo, dada a possibilidade de odiar a condição humana. E os outros que exaltam o amor entre os homens? Bem, a eles foi dado como contrapartida o desespero, a tragédia das tragédias. Desespero por querer tornar-se em algo superior, aperfeiçoar-se e conquistar o seu lugar como Deus e, por outro lado, o desespero por querer negar-se, não ser ele próprio.
Em tempos defendeu-se a ideia que a única doença mortal é o desespero. É fatal na medida em que nos retira a possibilidade da última esperança e a possibilidade de morrer. O Homem que desespera não pode pôr um fim a si mesmo. "Um punhal não serve para matar pensamentos" E nisto se resume uma das maiores aporias do que é ser humano. Mesmo que o Homem se apunhale, se negue e passe a não-ser, o pensamento repercute-se para a eternidade e, como tal, a sua tentativa é meramente frustrada.
O Homem não desespera por não ser Deus, ele quer alcançar tal, mas a essência do desespero não está nessa via, ele desespera somente por não poder-se libertar dele mesmo, do seu "Eu".
Assim, "estar mortalmente doente" é não poder morrer.
Triste o Homem que desespera e que sabe que a morte não é a solução. Triste é o homem que desiste de si, do seu pensamento. Este não é um mero títere, após comunicado alcança o estatuto de realidade no Mundo e tem vida própria. O Homem se quer morrer, não pode comunicar. A partir do momento em que entra nesse bailado, não pode aspirar a tal solução. Cria uma aporia distinta e todas as utopias do mundo estão a suas mãos.
Cada vez mais alcança-se a Verdade: o Homem não é um ser feliz. Está-lhe no corpo e na alma não o ser. Triste o Homem que ainda sorri. Triste, pois ainda não despertou. Não devemos acordar outrem é certo, mas com o crescimento o mais "estúpido" homem irá finalmente descobrir de que é feito. O fogo forjado por Epimeteu e Prometeu, apesar de conter em si, as virtudes de um Deus, é o que nos queima a alma e o coração. Porquê?
Tornamo-nos mais que um simples animal e entre este e Deus, está o triste Homem...
Lancemos os nossos corpos à efemeridade e à eternidade, comuniquemos, mas não aspiremos a morrer e a destruir toda a nossa obra (pérfida ou bela), ela é distinta do nosso corpo. Que bela lição esta, não?
Os deuses questionaram o Homem. Porque discorda ele da sua substância, porque se nega e desilude. Epimeteu e Prometeu ofereceram-nos o mais belo coração fruto do fogo sagrado do alto do Olimpo.
Mas, o Homem após ser criado, após ser posto no Mundo, agiu, decidiu por si próprio, deram-lhe a liberdade e a auto-determinação; o resultado foi óbvio nasceu no corpo do Homem a desilusão e o cansaço pelos seus semelhantes e por si. Eis que nasce o misantropo, dada a possibilidade de odiar a condição humana. E os outros que exaltam o amor entre os homens? Bem, a eles foi dado como contrapartida o desespero, a tragédia das tragédias. Desespero por querer tornar-se em algo superior, aperfeiçoar-se e conquistar o seu lugar como Deus e, por outro lado, o desespero por querer negar-se, não ser ele próprio.
Em tempos defendeu-se a ideia que a única doença mortal é o desespero. É fatal na medida em que nos retira a possibilidade da última esperança e a possibilidade de morrer. O Homem que desespera não pode pôr um fim a si mesmo. "Um punhal não serve para matar pensamentos" E nisto se resume uma das maiores aporias do que é ser humano. Mesmo que o Homem se apunhale, se negue e passe a não-ser, o pensamento repercute-se para a eternidade e, como tal, a sua tentativa é meramente frustrada.
O Homem não desespera por não ser Deus, ele quer alcançar tal, mas a essência do desespero não está nessa via, ele desespera somente por não poder-se libertar dele mesmo, do seu "Eu".
Assim, "estar mortalmente doente" é não poder morrer.
Triste o Homem que desespera e que sabe que a morte não é a solução. Triste é o homem que desiste de si, do seu pensamento. Este não é um mero títere, após comunicado alcança o estatuto de realidade no Mundo e tem vida própria. O Homem se quer morrer, não pode comunicar. A partir do momento em que entra nesse bailado, não pode aspirar a tal solução. Cria uma aporia distinta e todas as utopias do mundo estão a suas mãos.
Cada vez mais alcança-se a Verdade: o Homem não é um ser feliz. Está-lhe no corpo e na alma não o ser. Triste o Homem que ainda sorri. Triste, pois ainda não despertou. Não devemos acordar outrem é certo, mas com o crescimento o mais "estúpido" homem irá finalmente descobrir de que é feito. O fogo forjado por Epimeteu e Prometeu, apesar de conter em si, as virtudes de um Deus, é o que nos queima a alma e o coração. Porquê?
Tornamo-nos mais que um simples animal e entre este e Deus, está o triste Homem...
Lancemos os nossos corpos à efemeridade e à eternidade, comuniquemos, mas não aspiremos a morrer e a destruir toda a nossa obra (pérfida ou bela), ela é distinta do nosso corpo. Que bela lição esta, não?
* (as citações de kierkegaard estão na base do texto escrito)
Tb publicado aqui! E Ary, não é altura de pores o meu blog nos links da sociedade? XD
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